Em ‘Guerra
dos Sexos’, os protagonistas comprovam a teoria de que os opostos se atraem.
Charlote II de Alcântara Pereira Barreto (Irene Ravache) ou Charlô, como prefere
ser chamada, é uma mulher de sessenta e poucos anos que deixa muita mocinha no
chinelo. Excelente piloto de carro, moto e avião, também atira como ninguém,
pratica aulas de paraquedismo e ainda tem tempo para safáris na África, missões
antropológicas pela selva amazônica, furtivos casamentos e arrebatadoras
aventuras amorosas. Ufa! Alegre e destemida, só perde o humor quando um certo
alguém a chama de Cumbuqueta. Mas Otávio II de Alcântara Rodrigues e Silva (Tony
Ramos) é assim mesmo. Bimbinho, como é apelidado em retaliação, é sisudo,
medroso, cheio de manias e hipocondríaco. De hábitos pouco saudáveis, só se
anima para proferir rebuscados e moralistas discursos sobre as maravilhas de ter
nascido homem. É homem de poucas mulheres, apesar de muitos desconfiarem das
misteriosas fugas na calada da noite.
Acredite
se quiser, mas os primos tiveram um tórrido romance na adolescência. Chegaram a
ficar noivos, mas Charlô II jamais aceitou os mandos do machista Otávio II, que,
por sua vez, nunca cederia a uma feminista. O grande amor acabou se
transformando em ódio. Separados, mantiveram em comum apenas a paixão pelo golfe
e o gosto por apostas.
Quem teria
ganhado se tivessem apostado que se reencontrariam no futuro? E, ainda por cima,
em função de uma herança milionária e uma condição surpreendente?! Os dois quase
caíram para trás quando o tabelião leu o testamento de Charlô I (Fernanda
Montenegro) e Otávio I (Paulo Autran), mortos de infarto duplo numa prolongada
noite de amor. Os tios homônimos deixaram para seus únicos descendentes a mansão
onde viviam e a rede de loja Charlô’s, sem direito a negociação de venda fora da
família. Teimosos e irredutíveis, preferiram dividir a mesma casa e a
administração das lojas a ter que ceder e vender seus exatos 50% para o outro.
Vamos
apostar que São Paulo nunca mais será a mesma depois desse
reencontro?
‘Guerra
dos Sexos’ é uma obra de Silvio de Abreu, com direção de núcleo e geral de Jorge
Fernando e direção de Ary Coslov, Marcelo Zambelli e Ana Paula Guimarães.