'Aos 11 anos de idade, relatam os especialistas, a criança tem um senso de justiça bastante aflorado. É também nesta fase em que o olhar crítico se acentua. Rita (Mel Maia), a protagonista desta história, tem exatos 11 anos quando sofre um duro golpe e vê o seu mundo virar ao avesso. Esta rasteira lhe deixa marcas profundas, chaga que Rita carregará pela vida inteira.
A
menina, órfã de mãe, é criada pelo pai. Amoroso, Genésio (Tony Ramos) jamais
imaginou que a sua segunda esposa pudesse representar o pior de seus pesadelos.
Carminha (Adriana Esteves), a madrasta, rouba tudo da enteada: os sonhos, a
casa, a família e a esperança. Rita conhece um modelo de vida sem esperança, de
muitas perdas e solidão. Ela sente, na pele, a amargura da decepção.
Mas
enganam-se aqueles que subestimam a capacidade de sobrevivência de Rita. A
menina não sucumbe ao longo dos anos. De tudo o que lhe foi tirado, restou
apenas um único e vital sentimento: a sede por um acerto de contas. É neste
momento em que o limite para que os fins justifiquem os meios entra em
discussão. Esse limite, por diversas vezes, não se encaixa no formato simples e
dicotômico de certo ou errado.
Na
saga pela sua própria justiça, Rita deixa para trás o passado frágil e se
transforma em
Nina (Débora Falabella ), uma mulher obstinada, firme e blindada
para as surpresas que o destino lhe reserva. A vida se encarregou desta
metamorfose. Está feito, não há como voltar.
Há 13 anos...
Há 13 anos...
Avenida
Brasil, escrita por João Emanuel Carneiro e com direção de núcleo de Ricardo
Waddington, narra a trajetória de Rita (Mel Maia), uma menina órfã que vê o seu
mundo desmoronar com a morte do pai. O triste acontecimento lhe rouba a
infância, pois Rita é apenas uma criança quando Genésio (Tony Ramos) sofre o
grande golpe que culminou no fim de sua vida.
Se
a história fosse pausada neste exato momento, o destino de Rita já seria, no
mínimo, comovente. Mas a vida então lhe prega uma peça e coloca em seu caminho
Carminha (Adriana Esteves), a segunda esposa de Genésio. E ela
não chega sozinha... Carmen Lúcia Moreira de Souza entra em cena na companhia de
Max (Marcelo Novaes), seu amante e parceiro em golpes e armações ao longo de
anos.
A
trama tem início na década de 90. Carminha, uma mulher sedutora e esperta, nunca
dá ponto sem nó. Casou-se com o honesto Genésio de olho em vantagens que poderia
conseguir no relacionamento com esse homem simples e boa gente. Na primeira
brecha que encontra, ela planeja uma armadilha que tem por objetivo roubar uma
grande bolada do marido.
Tudo
vai bem até que Rita descobre quem é, de verdade, a sua madrasta. Ela revela a
Genésio tudo o que descobriu, especialmente o roubo do dinheiro da venda da casa
onde moram, ou seja, a sua única herança. Pai e filha, juntos, resolvem deter
Carminha. É quando a sorte sorri para esta fria e ardilosa personagem, uma loba
em pele de linda e dissimulada mulher.
Uma sorte chamada Tufão
Uma sorte chamada Tufão
Carminha
(Adriana Esteves), sem fazer esforço, consegue tirar Genésio de seu caminho. Ele
sofre um acidente fatal. Com isso ela evita que a sua verdadeira faceta venha à
tona. Além de não estar mais na mira do ex-marido, a vilã desta história tem a
seu favor uma manobra incrível do destino.
Quando
ela menos espera, surge em seu caminho um jogador de futebol em ascensão,
nascido e criado no bairro do Divino, bairro fictício do subúrbio carioca. Bom
de bola e carismático, logo sai dos campos da região para conquistar uma vaga no
Clube de Regatas do Flamengo. E numa final de campeonato, destaca-se como o
herói da partida. Em pouco tempo, Tufão sai de vez do anonimato para o universo
dos flashes, do dinheiro farto e do assédio.
Como
Carminha não tem nada de inocente, ela vê em Tufão a chance de agarrar a vida
que sempre sonhou. Nada pode atrapalhar o seu momento de triunfo. É quando ela
resolve mandar para longe, sem dó nem piedade, aquela que representa o único
empecilho para um futuro rico e promissor: Rita (Mel Maia). Sempre ao lado de
Max (Marcelo Novaes), Carminha dá aquela que seria mais uma grande cartada e
envia a enteada a um depósito de lixo para viver sob o controle intimidador de
Nilo (José Abreu).
O
paradeiro de Rita
E
a vida não para. No depósito de lixo onde Rita (Mel Maia) é deixada, os seus
primeiros dias são piores do que qualquer pesadelo que ela jamais imaginou ter.
Em meio a um ambiente sujo e hostil, Nilo (José de Abreu) dita as regras para o
funcionamento da casa que abriga outras tantas pobres crianças. E não é nada
fácil sobreviver por lá.
Bem
ali ao lado, vive Lucinda (Vera Holtz), conhecida como a Mãe do Lixão. Ela tem o
dom de transformar o lixo em lúdico e de oferecer, em escalas mínimas, claro,
esperanças para a criançada que abriga. Ao contrário da casa de Nilo, Lucinda
construiu um lar com criatividade e amor, também na medida do possível. A casa
foi erguida com objetos e materiais encontrados em meio à sucata e ao lixo. O
resultado agrada aos moradores, que vivem à margem de escolhas mais dignas e
humanas.
É
na casa de Lucinda onde mora Batata (Eduardo Simões), menino de 11 anos que,
apesar das condições que o rodeiam, é carismático e tem bom caráter. É ele quem
ampara Rita ao vê-la enfrentar a dura rotina na casa de Nilo. Mesmo desagradando
Nilo e desobedecendo Lucinda, ele convence a Mãe do Lixão a abrigar a menina.
Vale lembrar que existe uma regra de “boa vizinhança” entre Lucinda e Nilo. Os
grupos de crianças são intocáveis. Um não mexe com o outro, aconteça o que
acontecer...
Um
amor chamado Batata
A
amizade entre Rita (Mel Maia) e Batata (Eduardo Simões) começa com ares de
cumplicidade em busca de sobrevivência. Com o tempo, nasce um inocente primeiro
amor. Esse sentimento se apresenta em forma de brincadeiras e, aos poucos, toma
forma como algo mais forte, intenso, uma ligação que o tempo terá dificuldades
em apagar.
Quando
Rita começa a se sentir em “casa”, cercada por pessoas que aprendeu a gostar,
Lucinda (Vera Holtz) muda o rumo dos acontecimentos. Uma família adotiva chega
ao depósito de lixo para levar Rita para fora do país. A Mãe do Lixão quer
protegê-la, mas a menina custa a entender a motivação para tal atitude.
Batata
não se conforma em
perder Rita. Ele tenta evitar que a sua grande parceira deixe o
depósito, mas Lucinda o impede de continuar tentando e lutando para ter Rita ao
seu lado. Para Lucinda, ambos não sabem do risco que correm caso continuem a
viver por lá. E, assim, tempos depois, Batata também ganha uma nova família e
deixa o depósito.
Rita
e Batata seguem por caminhos distintos, sem notícias um do outro. Eles passam a
viver apenas nas lembranças daqueles que os conheceram. Os dois deixam para trás
suas identidades e o passado na casa da Mãe do Lixão.
Rita
se torna Nina (Débora Falabella) e Batata passa a ser conhecido como Jorginho
(Cauã Reymond).
Nina
começa a escrever uma nova história
Rita
(Mel Maia) é levada para a Argentina por uma família disposta a adotá-la com
amor e recursos financeiros. Martín (Jean Pierre Noher) é um pai carinhoso e
sabe bem dividir o seu carinho entre Rita e suas duas filhas biológicas.
Rita
passa a ser chamada de Nina (Débora Falabella) e, torna-se uma mulher
bem-sucedida no trabalho e, aparentemente, no amor. Chef de cozinha, Nina tem o
seu próprio restaurante, onde parece estar realizada. Hector (Daniel Kuzniecka)
é seu namorado e parceiro, um amigo conquistado na
Argentina.
Mas
a morte de Martín traz à tona a verdadeira Nina, uma jovem mulher que nunca se
livrou do passado. Ao longo dos anos, ela não consegue perder de vista, mesmo à
distância, seu algoz, Carminha (Adriana Esteves). Ela sabe de cada passo dado
pela ex-madrasta, especialmente do casamento com Tufão (Murilo Benício) e de sua
ascensão econômica. Nina conhece, até mesmo, a nova casa de Carminha, informação
conseguida em revistas de celebridades para as quais a vilã concedeu
entrevistas.
Logo
após o enterro de seu pai adotivo, Nina resolve voltar para o Brasil. Begônia
(Carol Abras) e Betânia (Bianca Comparato) tentam impedir que a irmã dê início a
seu acerto de contas. Mas Nina é irredutível. Ela abre mão de tudo o que
conquistou em solo argentino, o que inclui o restaurante, a família adotiva e
até mesmo o namorado.
Nina
está firme em seu propósito de impedir os abusos de Carminha. Ela não quer que a
ex-mulher de seu falecido pai continue a fazer vítimas em prol de vantagens
próprias. No fundo, Nina quer tentar resgatar um pouco da vida que lhe foi
roubada. E a sua primeira decisão é entrar na casa de sua inimiga e conquistá-la
como uma empregada perfeita de forno e fogão, amável e prestativa. Um sonho para
qualquer dona de casa e a oportunidade perfeita para quem quer fazer a sua
própria justiça.
Cores,
brilhos, charme e futebol – a vida no subúrbio nos dias de
hoje
Divino
Futebol Clube
Uma
grande mistura colorida. Assim é o bairro do Divino, onde vivem quase todos os
personagens de ‘Avenida Brasil’. Nas redondezas, há um clube, o Divino Futebol
Clube, onde a bola rola em defesa deste time de terceira divisão e acontecem os
bailes de charme. É lá onde Jorginho (Cauã Reymond), Iran (Bruno Gissoni),
Roniquito (Daniel Rocha) e Leandro (Thiago Martins) treinam dia após dia em
busca da experiência necessária para se chegar num grande clube. O Divino
Futebol Clube também abriga Darkson (José Loreto), Tessália (Débora Nascimento),
Olenka (Fabiula Nascimento), Suéllen (Isis Valverde), entre outros personagens,
em noites quentes de charme, estilo de dança e música que une os moradores deste
subúrbio carioca.
Campeão
consagrado pela nação rubro-negra
Tufão
(Murilo Benício) fez bonito dentro de campo e o título que conquistou para o
Flamengo o ajudou a saltar na pirâmide sócio-econômica. Mas nada deste novo
mundo ofertado pelas conquistas enche os seus olhos. O que ele quer mesmo é
continuar morando com sua família, no lugar onde nasceu, perto dos amigos.
Obviamente, ele mora em
uma mansão. Mas uma mansão erguida no
subúrbio.
Antes
que Carminha (Adriana Esteves) cruzasse a sua vida, Tufão declarou em público o
seu amor por Monalisa (Heloisa Perissé), uma cabeleireira paraibana que
conquistou tudo o que tem com muito trabalho. Tufão e Monalisa foram noivos.
Quem não gostou muito desta história foi Muricy (Eliane Giardini), mãe de Tufão.
Apesar do enorme coração e de bom caráter, a matriarca sempre torceu o nariz
para a cabeleireira. Poderia ser simplesmente uma pitada de ciúme maternal, mas
este é um daqueles casos de avaliação equivocada das intenções de uma mulher
verdadeiramente apaixonada. Muricy sempre acreditou que Monalisa fosse uma
oportunista no caminho de Tufão.
A
“Rainha da Chapinha”
Mulher
de fibra, Monalisa (Heloísa Perissé) saiu da Paraíba para tentar a vida no Rio
de Janeiro. Foi como cabeleireira que conquistou dignidade e independência
financeira. Com o tempo, passou de empregada a dona do negócio, fruto de uma
parceria com o ex-noivo, Tufão (Murilo Benício). Mas o sucesso do Salão da
Monalisa tem uma explicação cercada de boas cifras: um creme desenvolvido por
ela e que tem o poder, quase mágico, de deixar as mulheres com as madeixas
alisadas. Para dar conta de clientes ávidas por uma cabeleira lisa , Monalisa
conta com a ajuda de Olenka (Fabiula Nascimento), Roniquito (Daniel Rocha) e
Brigitte (Luana Martau).
A
vida no Divino
Os
moradores do Divino já se acostumaram com a presença do carro de mensagens de
Silas (Ailton Graça) pelas ruas. O veículo falante é usado para felicitações de
aniversário, pedidos de casamento e até cobranças de dívidas. Com ele não tem
tempo ruim. Se contratar, o serviço será feito!
Uma
movimentada loja de moda e acessórios feminino do bairro tem em seu quadro de
funcionários Suéllen (Isis Valverde), Lúcio (Emiliano D ’ávila) e Darkson (José
Loreto). A primeira não está nem aí para o trabalho. O que ela quer mesmo é
fisgar um jogador de futebol e ficar rica e famosa. Darkson é o dono da voz que
faz a propaganda da loja na frente do estabelecimento. Ele usa o microfone para
o trabalho e exercitar o seu talento como rapper. Lúcio também é avesso ao
trabalho e faz corpo mole. Diógenes (Otávio Augusto) é o dono da loja. Fechadão
e sisudo, ele tenta manter as rédeas de seu comércio.
Um
homem + três mulheres = confusão à vista
Cadinho
(Alexandre
Borges ) é um enigma para muitos especialistas em
relacionamentos. Chamá-lo de mulherengo é reduzir demais as possibilidades deste
charmoso e bonitão empresário do mercado financeiro. Rico, inteligente e
perspicaz, Cadinho mantém três mulheres e...três famílias! É pai de quatro
filhos, numa matemática difícil de entender. Não é o harém que o atrai. Ele quer
mais. Ele quer formar famílias, sim, famílias no plural.
A
primeira mulher com que criou raízes foi Verônica (Débora Bloch). Descrevê-la é
um desafio e entendê-la só é possível se o observador em questão for desprovido
de preconceito. Uma mulher rica, que “a-d-o-r-a” consumir, mas que guarda um
coração enorme e uma surpreendentemente personalidade romântica. Ela é mãe de
Débora (Nathalia Dill) , assim como a famosa protagonista de uma canção
popular, Verônica é que é mulher de verdade!
Débora
(Nathalia Dill) é uma excelente acrobata. Mas abriu mão de viver de sua arte
depois de ter conhecido Jorginho (Cauã Reymond). Apaixonada, a jovem deixou de
morar no Canadá para ficar bem pertinho do jogador.
A
segunda mulher de Cadinho é Noêmia (Camila Morgado). A grosso modo, é quase o
oposto de Verônica. Quando conheceu o empresário, fez questão de deixar claro
que não se interessou por ele por causa do dinheiro. Afinal, Noêmia sempre
levantou algumas bandeiras, especialmente a de não valorizar o consumismo. Mas,
sustentada por Cadinho, leva uma vida de milionária, numa linda mansão
localizada na região serrana do Rio de Janeiro É a mãe de Tomás (Ronny Kriwat)um
rapaz que adora ostentar bens materiais e leva a vida como um mulherengo
playboy.
Alexia
(Carolina Ferraz) completa o time de mulheres do empresário. Nascida em berço de
ouro, a socialite foi perdendo a fortuna ao longo dos anos. Mas a união com
Cadinho não foi motivada por sua boa condição financeira. No fundo, o que Alexia
sempre quis foi encontrar um pai para o filho que sonhava ter. E assim foi
concebida Paloma (Bruna Orphão), menina de personalidade forte e que sabe o
jeito certo de conseguir tudo o que quer de sua mãe.
Entrevista
com o autor, João Emanuel Carneiro
Como
uma nova história nasce na sua imaginação? Como se dá o seu processo criativo
para que a trama ganhe os contornos de uma novela?
A
história de Avenida Brasil nasceu de uma cena. O interessante de uma novela é
você ver como uma ideia pode ter fôlego para se desenrolar quase eternamente.
Ela parte de um acontecimento do primeiro capítulo, quando alguns destinos se
cruzam, os destinos de Carminha, Genésio e Tufão. É como se nós estivéssemos
acompanhando duas histórias paralelamente. De repente, elas se bifurcam e
cria-se um grande mal-entendido. Partiu daí... e partiu daí também a ideia de
poder torcer pelo bandido. A Nina, às vezes, age como vilã, mas por uma nobre
causa.
Você
acredita que essa protagonista, a Nina, represente um desafio ainda maior para
você, já que a trajetória dela não se aproxima das heroínas que normalmente
ocupam o posto de mocinhas e protagonistas?
Cada
novela tem que me dar um desafio. Quando eu conto, invento uma história, e essa
história tem que me desafiar. Então eu tenho que alcançar uma maneira de
encontrar uma “brincadeira” para mim. Então o meu desafio é poder torcer por
esta “vilãzinha querida”. Desde pequeno, sempre torci para os índios
em Forte Apache.
Eu nunca torci para o batalhão, para a guarda...Então, eu posso
continuar “torcendo para os índios” de forma bem justificada. Isso faz parte dos
meus personagens, da ideia toda, da minha formação...cada vez mais eu penso no
Dostoievski, pois ele propõe personagens com mil paradoxos. Você pode
entendê-los em
suas complexidades. Eu li muito Dostoievski há três anos,
quando eu fiz essa sinopse.
A
Nina tem um parentesco com Raskólnihov e com esses personagens que são capazes
de fazer coisas condenáveis por nobres causas. Você consegue se colocar na pele
deles.
Mas
qual é o grande dilema de Nina? De onde vem tanta complexidade e
paradoxo?
A
ideia da novela, o mote, é: “os fins justificam os meios? É certo agir errado
por uma causa nobre?” Essa que é a pergunta. E daí que vem a história da Nina. É
a cruzada de vingança da empregada trabalhando como cozinheira na casa da
ex-madrasta, casada com um ex-jogador de futebol.
É
uma vingança, pois essa menina, quando tinha 11 anos de idade e se chamava Rita,
foi abandonada no meio do lixo pela madrasta depois que o pai morreu. A madrasta
roubou tudo o que eles tinham... Essa criança jurou vingança. Ela reaparece 13
anos depois, trabalhando na casa do jogador de futebol. E ela vai, de certa
maneira, seduzir todos da casa, a começar pela própria Carminha, ex-madrasta
dela. Ela será uma empregada perfeita, zelosa...
O
que você reserva para o telespectador, um misterioso drama a exemplo de ‘A
Favorita’?
Com
exceção do núcleo da casa do jogador, que é o núcleo dramático, os arredores são
muito cômicos e coloridos. Ao contrário de ‘A Favorita’, que era uma novela
muito “preta e branca”, eu quis fazer algo bem colorido. A história de Cadinho e
suas três mulheres – três relacionamentos modernos – é uma grande comédia. Na
verdade, todos os arredores têm comédia. Pensei em fazer uma novela que tenha a
espinha dorsal de um folhetim russo e um entorno todo colorido.
Uma
de suas características é a construção de mulheres fortes e que, em muitas
vezes, ocupam papéis invertidos na sociedade. Como será em Avenida
Brasil?
Uma
das personagens, Monalisa ( Heloisa Perissé), é uma mulher que assumiu a função
do homem em sua casa. É a mulher que se resolveu financeiramente, já tem um ou
mais filhos, já tem uma vida. Ela não quer um homem dentro de casa para não lhe
entregar o controle da tevê. Na história também tem isso. É uma crônica dentro
da novela.
É
algo que tenho observado muito no subúrbio. Eu estive por lá várias vezes para
escrever esta novela e convivo com muita gente que vive nesta região. Fui
sozinho, com a equipe da novela, participei de churrascos... Isso tudo aconteceu
no ano retrasado.
O
que eu percebo muito, uma imagem recorrente, é que às segundas-feiras, os homens
ficam em casa e as mulheres saem para trabalhar fora, para pegar o trem. É uma
imagem que me vem à cabeça sempre que penso no
subúrbio.
A
temática do futebol está em pauta em Avenida
Brasil. De onde veio a inspiração? Você é fã de futebol?
Entende do esporte? É bom de bola?
Eu
nunca entendi de futebol e sempre fui o pior jogador do meu colégio. Eu era
considerado a “arma secreta”, pois em todos os times que eu entrava, perdia. Mas
eu gosto de futebol, eu gosto de assistir ao futebol, de ir ao Maracanã. Mas
essa novela não vai tratar do futebol. Não vai haver campeonatos, jogos... É um
pouco dos bastidores deste esporte. Só no primeiro capítulo que tem a história
do Tufão, que se consagra num jogo no Maracanã. Depois a gente vai acompanhar a
trajetória do Jorginho, que é o filho do jogador famoso e que ainda não
aconteceu. Ele ainda joga no Divino, que é um time de segunda
divisão.
João,
fale um pouco sobre a sua relação com os personagens e o elenco durante o
processo criativo. Qual é o seu estilo de escrita? O que você tem a dizer sobre
a escalação de Avenida Brasil?
Eu
escrevo para um fantasminha que está na minha cabeça, que tem uma carinha
própria... só depois chega o ator. Faço Prêt-à-Porter, não faço nada sob medida.
Os atores entram nas roupas. Após a escalação, eu vou moldando um pouco. Sobre a
escolha do elenco, eu e o Ricardo fazemos tudo juntos e os dois precisam querer
um ator para determinado papel. E juntos fazemos muitos testes. Sim, pois o
teste é muito importante. Uma coisa é fazer a suposição, outra coisa é ver na
prática. Ao ver, tudo fica tão claro! A Carminha foi a personagem mais difícil
de escalar e o encontro da Adriana Esteves com esse papel foi uma felicidade. Eu
fiquei muito feliz quando a vi fazendo. A Carminha é um personagem muito
complexo. Ao mesmo tempo em que ela é uma megera, ela é uma mulher de família.
No meio de tudo, para fazer o que ela faz, tem que ter uma loucura e uma
caretice. Então ela é uma careta louca. E ainda tem uma palhaça, uma palhaça
triste, eu acho. A Adriana Esteves conseguiu fazer isso tudo, esse recorte todo.
Avenida
Brasil tem um elenco enxuto e a história é bem concentrada em poucos núcleos nos
quais as tramas se desenrolam. Por quê?
Esta
é uma característica sempre presente em minhas novelas. Eu gosto
de reinventar a própria história dentro daquele quadro de personagens, de poucos
personagens. Eu não gosto de fazer novelas com muitos núcleos, numa produção em
rodízio. A história está sempre ali, se reinventando e acontecendo naquele
lugar.
Perfil
dos personagens
O
mundo de Rita
Rita
(Mel Maia) – Órfã de mãe, é criada pelo pai Genésio (Tony Ramos) e pela madrasta
Carminha. Quando descobre um golpe planejado por Carminha (Adriana Esteves)
contra sua família, seu pai morre e Rita entra na mira da ardilosa e sedutora
madrasta. Rita é abandonada em um depósito de lixo após a morte do pai e depois
de anos é adotada por uma família argentina. Rita muda de identidade e torna-se
Nina (Debora Falabella).
Genésio
(Tony Ramos) - Pai de Rita, casado com Carminha (Adriana Esteves). É um bom
homem, que sofre um golpe planejado e executado por sua segunda
esposa.
Carminha
(Adriana Esteves) – É a grande vilã da história. Casada com Genésio (Tony
Ramos), Carminha é amante de Max (Marcelo Novaes). Fria e ambiciosa, ela faz de
tudo para conseguir o que quer. Depois de viúva, ela consegue tirar a enteada
Rita (Mel Maia) de seu caminho e se casa com Tufão (Murilo Benício), um famoso
jogador de futebol
Max
(Marcelo Novaes) – Amante e grande parceiro de Carminha (Adriana Esteves).
Dissimulado, tem pânico de pobreza, mas não tem cacife para se tornar um
criminoso de verdade. Ele topa tudo o que Carminha propõe, o que inclui o plano
para levar Rita (Mel Maia) para um depósito de lixo e as investidas para que sua
comparsa conquiste Tufão (Murilo Benício).
A
nova vida de Rita
Nina
(Débora Falabella) – Discreta e misteriosa, Nina é uma jovem mulher cega por
seus objetivos. Para ela, os fins justificam os meios e se a causa for nobre,
tudo vale a pena em
sua jornada. Nina esconde um lado obscuro em sua personalidade.
Ela é uma cozinheira de mão cheia. É a heroína da trama. Nina
se tornou essa mulher tão obcecada após a morte de seu pai, Genésio (Tony
Ramos), e a partir do sofrimento que passou nas mãos da madrasta, Carminha
(Adriana Esteves). Ela é fruto do que lhe aconteceu quando ainda era criança, a
frágil Rita (Mel Maia).
Martín
(Jean Pierre Noher) - Pai adotivo de Nina (Débora Falabella). O argentino é uma
excelente influência para Nina e a educou com bons princípios.
Begônia
(Carol Abras) – Irmã adotiva de Nina (Débora Falabella). Jovem problemática,
sofre demais quando Nina anuncia o seu retorno ao Brasil.
Betânia
(Bianca Comparato) - Irmã adotiva de Nina (Débora Falabella). Ela decide ir
atrás da irmã logo que Nina deixa a Argentina.
Hector
(Daniel Kuzniecka) - Namorado argentino de Nina (Débora Falabella). É um jovem
homem apaixonado e muito bonito.
O
mundo de Tufão
Tufão
(Murilo Benício) – Ex-jogador de futebol que deu título ao Flamengo na época em
que jogava como artilheiro do time. É rico, mas leva uma vida sem ostentação.
Tufão nunca abandonou as suas origens, apesar do dinheiro que ganhou ao longo da
vida. Afetivo e generoso, é um homem que valoriza a família. No começo da trama,
é noivo de Monalisa (Heloisa Perissé), mas a abandona porque cai na teia de
Carminha (Adriana Esteves). Ele se relacionará com ela e formará sua própria
família.
Jorginho
(Cauã Reymond) – Filho adotivo de Carminha (Adriana Esteves) e Tufão (Murilo
Benício). É jogador de futebol, mas nunca conseguiu chegar à primeira divisão do
futebol carioca. Não tem muito talento dentro de campo. Cativante e dono de um
bom caráter, Jorginho tem um quê de recatado e discreto. Ele também viveu no
depósito de lixo quando criança, época em que era conhecido como Batata. Ele não
se entende com a mãe adotiva. Mas tem um enorme carinho por Tufão. Jorginho foi
o primeiro amor de Rita (Mel Maia) na infância de
ambos.
Leleco
(Marcos Caruso) – Pai de Tufão (Murilo Benício). Enquanto sua esposa, Muricy
(Eliane Giardini) trabalhava para criar os filhos, o amável e boêmio Leleco
(Marcos Caruso) passava as tardes jogando sinuca e papeando nos bares. O
hedonismo é a sua bandeira.
Muricy
(Eliane Giardini) – Mãe de Tufão (Murilo Benício) e Ivana (Letícia Isnard) . A
matriarca tem bom coração e excelente caráter, mas adora um deboche. A criação
de seus filhos veio de sua barraca de camelô que manteve na Central do Brasil.
Com a ascensão econômica de Tufão, não resiste ao deslumbramento desta nova
vida.
Ivana
(Letícia Isnard) – Extrovertida e inocente, a irmã de Tufão (Murilo Benício) é
mais uma a levar uma boa vida proporcionada pelo ex-jogador. Passou de empregada
doméstica a perua. Ela comete vários exageros nas compras e na alimentação.
Ivana vive de dieta. Ela se apaixona por Max (Marcelo Novaes), sem saber do
risco que corre ao lado do vilão.
Ágata
(Ana Karolina) – Desajeitada, a filha de Carminha (Adriana Esteves) é insegura e
vive com a auto-estima abalada. A relação com a mãe é problemática, mas se dá
muito bem com o padrasto, Tufão ( Murilo Benício). É doce e inteligente, além de
ter talento para a culinária.
Conceição
(Vilma Melo) – Empregada da família.
Adauto
(Juliano Cazarré) – Analfabeto e solitário, Adauto é um amigo esquisitão de
Tufão (Murilo Benício). É o zelador do Divino Futebol Clube e esconde uma grande
paixão por Muricy (Eliane Giardini).
Tessália
(Débora Nascimento) – É uma mulher lindíssima e chama a atenção por onde passa.
Boa gente, sincera e romântica. Mesmo sem muitas pretensões, ganha um concurso
de beleza no bairro do Divino.
O
Divino
Monalisa
(Heloisa Perissé) – Nascida na Paraíba, Monalisa chegou ao Rio de Janeiro sem
nenhum tostão no bolso. Com muita fibra e disposição, conquistou muitas coisas
com o trabalho de cabeleireira. Carismática e passional, a divertida Monalisa é
apaixonada por Tufão (Murilo Benício). Os dois ficam noivos no começo da
história. Porém a chegada de Carminha (Adriana Esteves) acaba com os planos do
casal Monalisa deixa o Rio de Janeiro após se separar do grande amor de sua
vida, Tufão. Ela adota Iran (Bruno Gissoni), que conhece durante um acidente que
ocorre em sua viagem de volta à Paraíba.
Silas
(Ailton Graça) – É o dono de um carro de mensagem que circula pelo bairro. É
boêmio e adora uma farra. É pai solteiro de Darkson (José
Loreto).
Iran
(Bruno Gissoni) – Jovem e talentoso jogador de futebol. Filho adotivo de
Monalisa (Heloisa Perissé). Iran faz um enorme sucesso com as mulheres e a mãe
morre de ciúmes do rapaz. Ele chega ao Divino na companhia da mãe, que resolve
voltar da Paraíba e se instalar, permanentemente, no Rio de
Janeiro.
Darkson
(José Loreto) – A grande paixão de Darkson é o rap. Enquanto não consegue viver
de sua música, trabalha fazendo propaganda, ao microfone, da loja de Diógenes
(Otávio Augusto), localizada no bairro do Divino. Ele faz muito sucesso no
bairro com as mulheres.
Olenka
(Fabiula Nascimento) – Impulsiva e durona, Olenka é parceira e amiga de Monalisa
(Heloisa Perissé). É uma cabeleireira autêntica, sem papas na língua e
extremamente sincera. Essas características chegam a afugentar algumas
clientes.
Leandro
(Thiago Martins) – Carismático e com caráter duvidoso, Leandro chega ao Divino
para fazer parte do time do clube. É apaixonado por Suéllen (Isis Valverde).
Como não consegue viver da renda de jogador de futebol, trabalha também como
gari.
Suéllen
(Isis Valverde) –Se existe um modelo de “maria chuteira”, Suéllen é a mais
indicada. Trabalha na loja de Diógenes (Otávio Augusto), mas está longe de ser
uma funcionária dedicada. Suéllen não tem bom
caráter.
Diógenes
(Otávio Augusto) – O fechadíssimo Diógenes é dono de uma loja de artigos
femininos. Mas a sua renda também vem da agiotagem. É pai de Roniquito (Daniel
Rocha) e o seu sonho é que o rapaz seja um bem-sucedido jogador de futebol.
Roniquito
(Daniel Rocha) – Divertido e bonitão, Roniquito é amigo e braço direito de
Monalisa (Heloisa Perissé).
Lúcio
(Emiliano
D ’ávila) – Preguiçoso e malandro. É o filho mimado de Janaína
(Claudia Missura) e sempre que pode arruma um jeitinho de fugir do trabalho. É
um playboy do subúrbio.
Janaína
(Claudia Missura) – Mãe solteira de Lúcio (Emiliano D ’ávila). É batalhadora e faz
de tudo para que seu filho tenha uma boa vida.
Brigitte
(Luana Martau) – O seu grande sonho é conseguir descobrir os segredos do creme
capilar de Monalisa.
Lixão
Lucinda
(Vera Holtz) – Generosa e dona de um coração de ouro, Lucinda é conhecida como a
Mãe do Lixão. Bem-humorada, ela já criou dezenas de crianças numa casa
construída com objetos encontrados no próprio ambiente onde vive. Ela sempre
abrigou Batata (Bernardo Simões) e abre mão de algumas regras para receber Rita
(Mel Maia) em sua casa.
A amizade com a menina se estende até a vida adulta, quando ela
se torna Nina (Débora Falabella).
Batata
(Eduardo Simões) – Criado por Lucinda (Vera Holtz), o menino vive no lixão. Ele
ajuda Rita (Mel Maia) a sobreviver naquele ambiente.Batata será adotado por
Tufão (Murilo Benício) e Carminha (Adriana Esteves) e ficará conhecido como
Jorginho (Cauã Reymond).
Nilo
(José de Abreu) – É um homem cheio de defeitos e pavoroso. Ele é vizinho de
Lucinda (Vera Holtz) e disputa espaço com a Mãe do Lixão. Nilo também é cercado
de crianças, que recebem um tratamento muito diferente daquelas que são criadas
por Lucinda. É cúmplice de Max (Marcelo Novaes) e Carminha (Adriana
Esteves).
Picolé
(João Fernandes Nunes) – É também um menino do lixão. Ele vive na casa de
Lucinda
(Vera Holtz) e é ajudado por Jorginho (Cauã
Reymond).
Rei
(João Pedro) – É uma criança que vive na casa de Lucinda (Vera Holtz) infiltrado
por Nilo (José de Abreu).
Cadinho
e suas famílias
Cadinho
(Alexandre
Borges ) – Bonitão, extrovertido e carismático. Assim é Cadinho,
um empresário bem-sucedido do mercado financeiro. O seu grande defeito está no
campo afetivo, já que mantém relacionamentos estáveis com três mulheres -
Verônica (Deborah Bloch), Noêmia (Camila Morgado) e Alexia (Carolina Ferraz) -
ao mesmo tempo. Apesar disso, desempenha bem o papel de marido ciumento e pai
zeloso dos filhos que teve com as três parceiras
secretamente.
Jimmy
Bastos (Felipe Abib) – Sócio de Cadinho (Alexandre Borges ) que promete
movimentar bastante a vida do empresário.
Verônica
(Deborah Bloch) – Primeira mulher de Cadinho(Alexandre Borges ). É uma perua
consumista que esconde, por baixo de uma personalidade fútil, um grande coração.
É romântica e sonhadora. É a boa e velha “Amélia”. É mãe de Débora (Nathalia
Dill).
Noêmia
(Camila Morgado) – Segunda mulher de Cadinho (Alexandre Borges ). É o oposto de
Verônica. Bonita e discreta, ela tem um gosto refinado. Conheceu Cadinho em um
curso de filosofia. É sustentada pelo parceiro e vive em uma mansão próxima ao
Rio de Janeiro. É mãe Tomás (Ronny Kriwat)
Alexia
(Carolina Ferraz) – Terceira mulher de Cadinho (Alexandre Borges ). Uma socialite
que sempre sonhou em ser
mãe. Tenta dar um golpe em Cadinho, mas a sua investida muda
completamente os rumos de sua vida. É mãe Paloma (Bruna
Orphao).
Débora
(Nathalia Dill) – Filha de Cadinho (Alexandre Borges ) e Verônica
(Deborah Bloch). Extrovertida, a “garota zona sul” é namorada de Jorginho (Cauã
Reymond). Débora é uma talentosa acrobata. Ela tem uma forte personalidade e é
apaixonada por futebol.
Tomás
(Ronny Kriwat) – Filho de Cadinho (Alexandre Borges ) e Noêmia (Camila
Morgado). O rapaz cresceu à sombra do pai e é um verdadeiro “mauricinho”. Noêmia
não sabe onde errou na criação do rapaz e se decepciona com a personalidade tão
materialista do filho.
Paloma
(Bruna Orphao) – Filha de Cadinho (Alexandre Borges ) e Alexia
(Carolina Ferraz). Está quase saindo da infância, mas a personalidade é
fortíssima. Inteligente e boa com as palavras, a menina consegue ter todos os
seus pedidos atendidos.
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