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segunda-feira, maio 28, 2012

‘Gabriela’ se passa nos anos 20, mais conhecido como os “anos loucos”.


A moda dos anos 20 no interior da Bahia

‘Gabriela’ se passa nos anos 20, mais conhecido como os “anos loucos”. Na moda, especificamente, tudo podia, era o começo da liberação feminina. Os espartilhos foram abolidos. A cintura caiu. Isso vale, claro, para quem seguia a moda da época, e Malvina (Vanessa Giácomo), uma menina antenada, mesmo em Ilhéus, conseguia estar a par de tudo que era lançado pelo mundo afora: “Ela é moderna. Representa o art-decó em suas formas retas e geométricas. As cores são contrastantes. Muito preto com amarelo, azulão e vermelho. Ela usa cintinhos e sapatos boneca, mas sempre com um viés exclusivo”, ilustra Labibe Simão, figurinista de ‘Gabriela’. Para compor Malvina, Juliana Mendonça, supervisora de caracterização, usou como referência Louise Brooks, a atriz do cinema mudo que viveu a frente do seu tempo e imortalizou o corte de cabelo a “la garçonne”: “Ela é colegial, vai ter o rosto rosado, saudável. Batom claro e nem esmalte usa. Mas ela não é igual às outras, quer outro caminho, seguir estudando, quiçá trabalhar. É feminista. E por isso escolhemos esse corte bem curto, estilo “Louise Brooks”.

Já Gabriela (Juliana Paes) é atemporal, não se enquadra em época. “Os cortes dos vestidinhos são simples, assim como os tecidos, quase sempre em algodão, com estampas feitas para ela. Sempre com uma sensualidade casual. Deixando cair uma alça, uma renda aparecendo, um botão aberto”, conta Labibe. A caracterização segue a mesma linha: “Ela é linda, é da terra, é moleca, mas é um mulherão”, define Juliana Mendonça. “Gabriela é muito natural, não usa batom, sombra nem rímel e os cachos nos cabelos longos  não seguem a moda. A sobrancelha é mais grossa e a pele curtida de sol”.

Chapéus

Os chapéus são um show à parte. Todas as mulheres, com exceção de Gabriela (Juliana Paes), usam chapéus. O acessório, na década de 20, começou a ser usado somente pela manhã. E o tipo mais cobiçado era o cloche, enterrado até os olhos. E são eles que estão nas cabeças das moças modernas e até das sinhazinhas mais conservadoras de Ilhéus. Todas se enfeitam com um chapéu. E os homens não ficam de fora. A maioria usa o panamá, desde os coronéis até Mundinho Falcão (Mateus Solano). Berto (Rodrigo Andrade) usa um chapéu negro, que faz referência aos mafiosos. E Tonico Bastos (Marcelo Serrado) usa um chapéu palheta, muito usado por homens galanteadores, com uma fita na base para decorar o acessório.

Homens         

Os homens, em sua grande maioria, têm bigode, salvo Mundinho Falcão (Mateus Solano), que vem de fora, representa o progresso e por isso tem “cara limpa”. Os coronéis ostentam sempre algo que remeta a realidade de Ilhéus e as fazendas. O terno com tecidos leves, em função do calor, é quase uma regra. A modelagem, portanto, é feita em linho e nada de ombreira – característica dos ternos utilizados pelos homens na capital. A rigidez  está presente nas cores: “Não há colorido para os coronéis. Sempre cores neutras como o marrom, bege, branco, preto. E a escolha do linho é para dar mais leveza, pois em Ilhéus faz calor e o tecido é mais maleável além de fresco”, explica Labibe.

Tonico Bastos (Marcelo Serrado) usa terno de risca e tem contrastes de claro e escuro nas roupas, e seus lenços são em grande parte estampados e de seda. “Usa um bigode bem fininho bem característico da época e, que também dá o tom do conquistador que é. Um homem que se importa com aparência, então, usa um pouco de gel nos cabelos para ficar ainda mais galante”, exemplifica Juliana Mendonça.

Outro acessório quase obrigatório em Ilhéus são os lenços. Todos os homens usam lenços escondidos, ou não, no paletó. Como o clima é muito quente, eles enxugam o suor o tempo todo.

Bataclã

É a festa dos anos 20. Lá é a porta por onde a moda chega a Ilhéus. Muitos estrangeiros e coronéis abastados levam presentes para as meninas que trabalham por lá. Elas sempre estão na moda e investem na beleza. No local há uma explosão de cores e sofisticação, típicos da época. “Há muita transparência, sensualidade e quebra dos padrões. Lá é onde os anos loucos estão mais vivos que nunca”, comenta Labibe.

A vida é noturna e portanto, a maquiagem é forte no cabaré. Esmaltes e batons em tons vermelhos, olhos esfumados, os beauty spots (pintinhas desenhadas com lápis), cílios postiços, unhas postiças, perucas, apliques e cabelos com ondas armadas típicas dos anos 20. Maria Machadão (Ivete Sangalo) é exigente. Quer ver suas meninas sempre bem vestidas e arrumadas. Assim sendo, cada uma das mulheres- damas demora em torno de uma hora e meia para se caracterizar e ficar do gosto de Machadão. O figurino é bem específico e acompanha a personalidade de cada menina do Bataclã.

Maria Machadão (Ivete Sangalo) é a rainha do lugar. A soberania está não só na postura de Machadão como nas vestimentas: “Nos inspiramos no japonismo com suas mangas largas e grandes, que remetem ao poder. Até em seus roupões – quando “está à vontade” entre as meninas – o japonismo está presente. Ela também tem um pouco de Coco Chanel em todos os momentos. Os brincos e colares são grandes e com peso. O que temos em mente é que Maria Machadão é uma pessoa que está sempre pronta, a qualquer hora”, conta Labibe. Para os cabelos, a inspiração também foi o Chanel, curto e um pouco armado.  

Anabela e Príncipe Sandra

O casal chega a Ilhéus trazido por Mundinho Falcão (Mateus Solano). Ambos artistas, vindo do Rio de Janeiro. Anabela (Bruna Linzmeyer) é uma moça moderna, mistura cores inusitadas e vai usar várias perucas. Nenhum dos dois vai passar despercebido. Príncipe Sandra (Emílo Orciollo Netto) tem barba pontiaguda e bigode levemente virado para cima. É enigmático e atualizado. Sempre tem um charme a mais no figurino, como uma pena de pavão no lugar de uma flor no paletó.

Glória

Glória (Suzana Pires) é a moça da janela. Suas formas corporais vão contra os anos 20. Ela tem cintura e usa roupas justas. Não quer esconder nada, pelo contrário, quer ser sensual. Nas vestimentas exibe muita renda misturada com viés. Mistura o rústico com tricô de linha. E suas cores são quentes, tem vermelho até no sapato. Seus cabelos também estão fora da moda. São longos e meio de lado, sempre com muito charme.

Peças exclusivas

O colar azul com a imagem de São Sebastião foi desenvolvido especialmente para Dona Sinhazinha (Maitê Proença), que é devota ardorosa do santo. As alianças de todos os coronéis com suas esposas também foram feitas especialmente para a produção.  O anel do Príncipe Sandra (Emílo Orciollo Netto) também foi pensado pela equipe de figurino especificamente para o personagem. E os barretes (prendedores de colarinho) - ,utilizados pelos homens, foram desenvolvidos em ouro e prata - quatro ou cinco tipos diferentes para cada personagem com figuras ou somente um ponto para o detalhe das golas bem ajambradas.


‘Gabriela’, escrita por Walcyr Carrasco, com direção de núcleo de Roberto Talma e direção geral de Mauro Mendonça Filho, tem figurino de Labibe Simão e caracterização de Juliana Mendonça. A mininovela tem previsão de estreia para dia 19 de junho.

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