A
moda dos anos 20 no interior da Bahia
‘Gabriela’
se passa nos anos 20, mais conhecido como os “anos loucos”. Na moda,
especificamente, tudo podia, era o começo da liberação feminina. Os espartilhos
foram abolidos. A cintura caiu. Isso vale, claro, para quem seguia a moda da
época, e Malvina (Vanessa Giácomo), uma menina antenada, mesmo em Ilhéus,
conseguia estar a par de tudo que era lançado pelo mundo afora: “Ela é moderna.
Representa o art-decó em suas
formas retas e geométricas. As cores são contrastantes. Muito preto com amarelo,
azulão e vermelho. Ela usa cintinhos e sapatos boneca, mas sempre com um viés
exclusivo”, ilustra Labibe Simão, figurinista de ‘Gabriela’. Para compor
Malvina, Juliana Mendonça, supervisora de caracterização, usou como referência
Louise Brooks, a atriz do cinema mudo que viveu a frente do seu tempo e
imortalizou o corte de cabelo a “la garçonne”: “Ela é colegial, vai ter o rosto
rosado, saudável. Batom claro e nem esmalte usa. Mas ela não é igual às outras,
quer outro caminho, seguir estudando, quiçá trabalhar. É feminista. E por isso
escolhemos esse corte bem curto, estilo “Louise Brooks”.
Já
Gabriela (Juliana Paes) é atemporal, não se enquadra em época. “Os cortes dos
vestidinhos são simples, assim como os tecidos, quase sempre em algodão, com
estampas feitas para ela. Sempre com uma sensualidade casual. Deixando cair uma
alça, uma renda aparecendo, um botão aberto”, conta Labibe. A caracterização
segue a mesma linha: “Ela é linda, é da terra, é moleca, mas é um mulherão”,
define Juliana Mendonça. “Gabriela é muito natural, não usa batom, sombra nem
rímel e os cachos nos cabelos longos não seguem a moda. A sobrancelha é mais
grossa e a pele curtida de sol”.
Chapéus
Os chapéus
são um show à parte. Todas as mulheres, com exceção de Gabriela (Juliana Paes),
usam chapéus. O acessório, na década de 20, começou a ser usado somente pela
manhã. E o tipo mais cobiçado era o cloche, enterrado até os olhos. E são eles
que estão nas cabeças das moças modernas e até das sinhazinhas mais
conservadoras de Ilhéus. Todas se enfeitam com um chapéu. E os homens não ficam
de fora. A maioria usa o panamá, desde os coronéis até Mundinho Falcão (Mateus
Solano). Berto (Rodrigo
Andrade ) usa um chapéu negro, que faz referência aos mafiosos.
E Tonico Bastos (Marcelo Serrado) usa um chapéu palheta, muito usado por homens
galanteadores, com uma fita na base para decorar o acessório.
Homens
Os homens,
em sua grande maioria, têm bigode, salvo Mundinho Falcão (Mateus Solano), que
vem de fora, representa o progresso e por isso tem “cara limpa”. Os coronéis
ostentam sempre algo que remeta a realidade de Ilhéus e as fazendas. O terno com
tecidos leves, em função do calor, é quase uma regra. A modelagem, portanto, é
feita em linho e nada de ombreira – característica dos ternos utilizados pelos
homens na capital. A rigidez está presente nas cores: “Não há colorido para os
coronéis. Sempre cores neutras como o marrom, bege, branco, preto. E a escolha
do linho é para dar mais leveza, pois em Ilhéus faz calor e o tecido é mais
maleável além de fresco”, explica Labibe.
Tonico
Bastos (Marcelo Serrado) usa terno de risca e tem contrastes de claro e escuro
nas roupas, e seus lenços são em grande parte estampados e de seda. “Usa um
bigode bem fininho bem característico da época e, que também dá o tom do
conquistador que é. Um homem que se importa com aparência, então, usa um pouco
de gel nos cabelos para ficar ainda mais galante”, exemplifica Juliana Mendonça.
Outro
acessório quase obrigatório em Ilhéus são os lenços. Todos os homens usam lenços
escondidos, ou não, no paletó. Como o clima é muito quente, eles enxugam o suor
o tempo todo.
Bataclã
É a festa
dos anos 20. Lá é a porta por onde a moda chega a Ilhéus. Muitos estrangeiros e
coronéis abastados levam presentes para as meninas que trabalham por lá. Elas
sempre estão na moda e investem na beleza. No local há uma explosão de cores e
sofisticação, típicos da época. “Há muita transparência, sensualidade e quebra
dos padrões. Lá é onde os anos loucos estão mais vivos que nunca”, comenta
Labibe.
A vida é
noturna e portanto, a maquiagem é forte no cabaré. Esmaltes e batons em tons
vermelhos, olhos esfumados, os beauty
spots (pintinhas desenhadas com lápis), cílios postiços, unhas
postiças, perucas, apliques e cabelos com ondas armadas típicas dos anos 20.
Maria Machadão (Ivete Sangalo) é exigente. Quer ver suas meninas sempre bem
vestidas e arrumadas. Assim sendo, cada uma das mulheres- damas demora em torno
de uma hora e meia para se caracterizar e ficar do gosto de Machadão. O figurino
é bem específico e acompanha a personalidade de cada menina do Bataclã.
Maria
Machadão (Ivete Sangalo) é a rainha do lugar. A soberania está não só na postura
de Machadão como nas vestimentas: “Nos inspiramos no japonismo com suas mangas
largas e grandes, que remetem ao poder. Até em seus roupões – quando “está à
vontade” entre as meninas – o japonismo está presente. Ela também tem um pouco
de Coco Chanel em todos os momentos. Os brincos e colares são grandes e com
peso. O que temos em mente é que Maria Machadão é uma pessoa que está sempre
pronta, a qualquer hora”, conta Labibe. Para os cabelos, a inspiração também foi
o Chanel, curto e um pouco
armado.
Anabela
e Príncipe Sandra
O casal
chega a Ilhéus trazido por Mundinho Falcão (Mateus Solano). Ambos artistas,
vindo do Rio de Janeiro. Anabela (Bruna Linzmeyer) é uma moça moderna, mistura
cores inusitadas e vai usar várias perucas. Nenhum dos dois vai passar
despercebido. Príncipe Sandra (Emílo Orciollo Netto) tem barba pontiaguda e
bigode levemente virado para cima. É enigmático e atualizado. Sempre tem um
charme a mais no figurino, como uma pena de pavão no lugar de uma flor no
paletó.
Glória
Glória
(Suzana Pires) é a moça da janela. Suas formas corporais vão contra os anos 20.
Ela tem cintura e usa roupas justas. Não quer esconder nada, pelo contrário,
quer ser sensual. Nas vestimentas exibe muita renda misturada com viés. Mistura
o rústico com tricô de linha. E suas cores são quentes, tem vermelho até no
sapato. Seus cabelos também estão fora da moda. São longos e meio de lado,
sempre com muito charme.
Peças
exclusivas
O colar
azul com a imagem de São Sebastião foi desenvolvido especialmente para Dona
Sinhazinha (Maitê Proença), que é devota ardorosa do santo. As alianças de todos
os coronéis com suas esposas também foram feitas especialmente para a produção.
O anel do Príncipe Sandra (Emílo Orciollo Netto) também foi pensado pela equipe
de figurino especificamente para o personagem. E os barretes (prendedores de
colarinho) - ,utilizados pelos homens, foram desenvolvidos em ouro e prata -
quatro ou cinco tipos diferentes para cada personagem com figuras ou somente um
ponto para o detalhe das golas bem ajambradas.
‘Gabriela’,
escrita por Walcyr Carrasco, com direção de núcleo de Roberto Talma e direção
geral de Mauro Mendonça Filho, tem figurino de Labibe Simão e caracterização de
Juliana Mendonça. A mininovela tem previsão de estreia para dia 19 de
junho.
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