Gardênia
Vargas
A terra
vermelha reflete o sol escaldante do sertão nordestino. Entre as árvores
retorcidas, espinhos violentos, animais indesejáveis a qualquer ser humano, o
que mais mata é a sede. Seco, o clima é extremamente ingrato, infrutífero. A
saliva demora a descer pela garganta rascante. As nuvens brancas não trazem
sinal de água, nem uma gota. E a pele resseca e racha como o solo infértil dessa
terra. É de lá que vem Gabriela (Juliana Paes). Com cheiro de cravo e cor de
canela, seu corpo parece esculpido por mãos nada modestas. Traz a força da
natureza no olhar e o balanço do vento no caminhar. É intima daquele lugar, mas
não há mais porque cantar. A seca assola a caatinga e Gabriela precisa se
retirar.
Perpassa
nuvens de poeira, dias e noites marchando pelo sertão. Sem comida, sem bebida,
sem acalanto. Na bagagem, um sorriso fácil de quem tem a imensa esperança de uma
vida melhor. Seu canto é triste e ainda doce. Guarda na alma o seu amor pela
vida. Carrega seu fardo e cuida do seu destino. Ele é seu, de mais ninguém! E
assim, Gabriela abraça com coragem o intento de ser feliz. Sua árdua travessia é
bem sucedida e, ao chegar a Ilhéus, conhece seu acaso, Nacib (Humberto Martins),
o “moço bonito” por quem irá viver uma abrasadora paixão de encontros e
desencontros tão profundos quanto o amor de um pelo outro.
Todavia,
Gabriela é assim. Está com fome, come. Está com sede, bebe. Não entende porque
alguém faz o que não quer. Ela respeita o querer, o do outro e o dela também. É
assim, uma força da natureza, meio bicho, meio gente, meio fêmea e totalmente
mulher. E o que atrai também afasta. E Nacib não sabe o que fazer com seu amor
por Bié, como chama carinhosamente Gabriela.
Ele é um
homem da sociedade Ilheense. Ela, uma cozinheira retirante. A flor no cabelo é
só para enfeitar, mas quando ela passa, a cidade para para olhar. Ela não tem
culpa, mas ele não aguenta. É tanta cobiça...! Tantos convites de coronéis. Vai
que um dia ela aceita. Não pode! Vai então casar-se com Gabriela, fazer dela uma
dama respeitada na sociedade. Que desencontro! O que Nacib não atina é que
“certas flores são belas e perfumadas enquanto estão nos galhos, nos jardins.
Levadas pros jarros, mesmo os de prata, ficam murchas e morrem”. Em outras
palavras, ao prender um passarinho selvagem existe um risco iminente: um dia,
quando você se distrair, ele pode ver a porta aberta e
voar.
Essa história
de amor se passa no começo do século XX, no interior da Bahia. Nesses tempos,
moça boa era moça de família, com destino certo traçado pelo pai. E Gabriela não
se enquadra na premissa. Mas é ela, alheia aos costumes da época, que provoca e
põe à prova tudo quanto é sentimento humano e questionamento moral: o desejo, o
amor, o preconceito, a traição, o ódio, o rancor, o perdão. Inspirada na obra de
Jorge Amado, ‘Gabriela’, escrita por Walcyr Carrasco, estreia no dia 19 de
junho, com direção de núcleo de Roberto Talma e direção geral de Mauro Mendonça
Filho.
A HISTÓRIA DE ILHÉUS NO
APOGEU DO CACAU
Ilhéus, 1925.
Os coronéis são os grandes mandantes do lugar. Ninguém ousa dar um passo em
falso sem ter aprovação de algum deles, mais especificamente, de um deles:
Coronel Ramiro Bastos (Antonio Fagundes). Dono de arrobas e arrobas de cacau é o
intendente da cidade, mais conhecido como Ramiro Bastos, o jardineiro. A
democracia já está em
vigor no Brasil , contudo, em Ilhéus, nenhuma pessoa tem coragem
de dizer não ao voto para o coronel. O respeito foi conquistado à força, sem dó.
Todos acatam o que ele diz , caso contrário, sabe-se que não terá futuro por
ali. Ao lado dele, cuidando da moral de Ilhéus, mais coronéis compartilham de
seu poder. Um deles é Melk Tavares (Chico Diaz), seu fiel escudeiro, desde o dia
da batalha final pela conquista de Ilhéus, até os dias de hoje. Outros como
Jesuíno (José Wilker), Amâncio (Genézio de Barros), Coriolano (Ary Fontoura),
Altino (Nelson Xavier), Manuel das Onças (Mauro Mendonça), Eustáquio (Lúcio
Mauro) e Ribeirinho (Harildo Deda) também compartilham, não só da violência dos
mandos, como na opinião irredutível: está bom como está, não tem precisão de
mudar.
Mas o tempo
altera o rumo das coisas, e mesmo a mais dura rocha, um dia sofre com a erosão.
Os ventos trazem transformações, e com Ilhéus não será diferente. E, se é pelo
mar que as tempestades costumam chegar por lá, é um navio que aporta em Ilhéus
que traz a carga mais perigosa contra o conservadorismo que impera na região:
Mundinho Falcão (Mateus Solano). Jovem descendente de uma forte família política
em São Paulo, empreendedor milionário, chega do Rio de Janeiro com um propósito
malquisto na cidade dos coronéis: o progresso.
Ganha
rapidamente o posto de maior exportador de cacau da região e, tão veloz quanto
sua fama, se torna o mais gigante oponente que Ramiro Bastos já teve em vida. Um
ardiloso comerciante, orador nato, bonito por natureza, dono de elegância que
vem de berço. E solteiro. Até as sinhazinhas já prometidas suspiram quando ele
caminha com seus passos cuidadosos. A época das grandes emboscadas está por um
fio com a presença galante de Mundinho. Ramiro terá que usar de outras armas
para ganhar essa batalha contra a “imoralidade” trazida por esse “um” da
capital. Mas não será fácil. Mundinho é um sedutor nato.
O símbolo
mais emblemático da luta entre o conservadorismo de Coronel Ramiro Bastos e o
progresso de Mundinho Falcão é a promessa da grande obra no porto de Ilhéus. Lá,
os navios encalham, o que faz com que a exportação do cacau esteja totalmente
nas mãos dos governantes da Bahia, a capital hoje conhecida por Salvador.
Mundinho quer ver a economia de Ilhéus livre, e Ramiro, como intendente da
cidade, deve muito ao governo baiano, e se opõe veementemente contra mais essa
“liberdade”. Mundinho então decide não negar seu sangue e entra de vez para
política. Será “a” oposição ao forte coronelismo local. Um briga de foice,
instigada ainda mais pelo nascer de seu amor por Jerusa (Luiza Valdetaro), a
neta preciosa de Ramiro Bastos.
ROMEU E JULIETA DOS
TEMPOS QUASE MODERNOS
Foi uma ideia
e nada mais. Um dos coronéis, Altino Brandão (Nelson Xavier), o primeiro a virar
casaca e se aliar a Mundinho Falcão, é quem, numa conversa falsamente
despretensiosa, planta a semente de uma poderosa união: “Não precisa brigar com
o coronel, é só unir-se a ele. Ele tem uma neta, chama-se Jerusa. Conheça a
moça”. E assim, como quem não sabe das coisas, é que Mundinho vai se aproximar
de Jerusa. Mas não contava com as artimanhas do destino. Um coração fisgado,
dois apaixonados.
Jerusa é
filha de Alfredo Bastos (Bertrand Duarte), filho de Ramiro Bastos, um médico de
pouca expressão, do qual o pai fez deputado; e de Conceição (Vera Zimmermann), a
típica sinhazinha do cacau, altiva e orgulha. Entretanto, vem de seu avô a
proteção maior. Já tem futuro pronto para Jerusa, sua joia preciosa. A neta
herdeira dos Bastos já está prometida para Juvenal (Marco Pigossi), filho de
Coronel Amâncio (Genézio de Barros), um de seus melhores amigos.
Saber disso é
o que mais lhe aperta o peito quando conhece Mundinho e vislumbra seu destino.
Os dois sabem: Mesmo que a bela Jerusa já não tivesse sua mão prometida,
Mundinho Falcão, de todos os homens do mundo, seria o último que Ramiro
aprovaria para sua neta predileta. Ele sabe. Ela sabe. Nasce então, um amor
proibido, encontros às ocultas e muito romantismo.
TONICO BASTOS, UM
IRRESISTÍVEL MAU-CARÁTER
Tonico
(Marcelo Serrado), filho de coronel Ramiro Bastos (Antonio Fagundes), ganhou um
cartório para se ocupar. É casado com a ciumenta Olga Bastos (Fabiana Karla),
com quem tem quatro filhos. É tão escorregadio que consegue fazer com que Olga
esteja sempre a defendê-lo. Ela tem certeza de que ele é um santo, mas muito
desejado por todas as mulheres que chegam por perto. Entretanto, Tonico é um
grande mulherengo, vive atrás de um rabo de saia. Mas é esperto, faz cara de
coitado perto da mulher.
Frequentador
assíduo do Bataclan, onde tem suas preferidas, mas não deixa de olhar para todas
as outras, está sempre muito sorridente, muito amigo, mas é completamente sem
escrúpulos. Tonico é mais um que passa a frequentar o bar Vesúvio, de Nacib
(Humberto Martins), na hora do almoço. É a oportunidade de ver Gabriela (Juliana
Paes). Ela traz os quitutes que faz para Seu Nacib vender no bar. A pedido da
moça é ela quem serve a freguesia, que não se sabe bem ao certo o porquê,
aumentou consideravelmente depois da chegada de Gabriela à cozinha. Deve ser o
sabor da comida, pensa ela.
Esse é o
momento mais esperado por todos os homens da cidade. A ida e vinda de Gabriela.
A retirante de curvas acentuadas deslizando por entre as cadeiras do bar,
debruçando sob uma mesa e outra. É nessa hora que Tonico, quando Nacib não vê,
passa a mão nas costas de Gabriela, beija o pescoço dela. Ela faz que não vê. E
é ele, o próprio Tonico Bastos que põe na cabeça de Nacib que ele precisa casar
com ela. Um tesouro assim, não pode ficar desfilando na cidade sozinha. Há de se
tê-la em casa, sob julgo do casamento, só para Nacib, sem deixar Gabriela para
mais ninguém.
“Precisa,
não. Tá bom como tá. Precisa casá, não, seu Nacib”, a frase de Gabriela em
resposta ao pedido de casamento é taxativa. Não precisava. Mas Nacib quis. Ouviu
Tonico e seus ciúmes.
O amigo de
Nacib, então, torna-se o padrinho do casório E é assim que Tonico consegue se
deitar na cama dela. Ou melhor, na cama do casal. O árabe não acredita no que
vê. Seu amigo e o maior amor de sua vida, juntos, na mesma cama. Empunha uma
arma, quer atirar, mas não consegue. Ama sua Bié demais da conta. A moral da
época manda. Precisa atirar. Mas ele não consegue. Tonico livra sua pele, mas há
de ter implicação.
Nacib anula o
casamento. Nessa época não podia, mas como Gabriela nem documento tinha, ele
volta rapidamente a ser solteiro, comerciante e dono do bar Vesúvio.
E Gabriela
volta a ser Gabriela. Sente alívio por poder voltar a sorrir sem culpa, pé no
chinelo, vestido sem moda e flor no cabelo. Mas a saudade é imensa, dos dois
lados. Será que vão aguentar?
LIBERAÇÃO FEMININA, MEU
NOME É MALVINA
Filha única
do coronel Melk Tavares (Chico Diaz), Malvina (Vanessa Giácomo) não tenta domar
seu espírito independente. Sabe que seu destino está traçado nas mãos de seu
pai: vai fazer bom casamento com algum filho de coronel escolhido por ele e,
com isso, passará a vida cuidando da casa e dos filhos, escravizada pelo marido.
Repudia esse pensamento e não abre mão de ter acesso a tudo o que é proibido, na
época, para a mulher. Vai atrás de livros e os consegue em surdina, pelas mãos
discretas de João Fulgêncio (Pascoal da Conceição), logo aqueles que ninguém
pode ler. Descobre um mundo diferente de Ilhéus. Não aceita sua vida por lá.
Sua
personalidade, tão forte quanto a do pai, é um problema para a família. Ela
enfrenta as impetuosas ordens do coronel, e é sua mãe Marialva (Bel Kutner) que
sofre. Ela ama sua boa mãe. Mas não quer ser igual a ela. Não é possível. Tudo
que Malvina menos quer é ser reprimida e submissa como as mulheres dos coronéis.
Sabendo disso, seu pai precisa arrumar logo um casamento para ela. Não gosta
dessa rebeldia tão aflorada.
E quem
suspira por Malvina é Josué (Anderson Di Rizzi), o professor do colégio e poeta
nas horas vagas. Ele se encanta pela beleza forte de Malvina. Ela vê nele uma
possibilidade de compreensão. Para ela o professor é sensível e pode abarcar
seus anseios. Pura ilusão. Pobre Malvina, ele é só mais um homem de Ilhéus. E
eis que chega um forasteiro, um engenheiro vindo da capital. Malvina se apaixona
pela alma moderna de Rômulo (Henri Castelli). Mas ele é casado! No entanto, a
jovem não se importa com isso, ele já não vive com a mulher. Esfrega na cara da
sociedade seu romance rechaçado. Mas existem consequências, A cobrança irá
chegar.
SINHAZINHA, O EXEMPLO
PARA A SOCIEDADE
Com os
casamentos arranjados, não havia como Sinhazinha (Maitê Proença) fugir do seu
destino, muitas vezes, cruel. E assim foi com - ela, casou-se com coronel
Jesuino (José Wilker), um dos mais broncos e duros dos coronéis. É tratada com
frieza, não sabe o que é amor. Nunca foi beijada, não sabe o que é sentir
prazer. É devota fervorosa de São Sebastião. Dona Sinhazinha é um exemplo para a
sociedade. Sempre muito bem vestida, sempre muito bem educada. Um das principais
ajudantes de Padre Cecílio (Frank Menezes).
Um dia
precisa ir ao dentista e conhece Dr° Osmundo (Erik Marmo). Durante o tratamento
dentário, conversam e se conhecem cada vez mais. Osmundo se encanta com a
candura de Sinhazinha e não entende como pode conseguir viver ao lado de um
homem tão bruto e grosseiro quanto Jesúíno. Ela, por sua vez, se apaixona
perdidamente pela sensibilidade de Osmundo. Vivem, então, um romance perigoso,
cheio de emoções e angústias. Os poucos momentos que estão juntos são os mais
felizes desse mundo. Uma contradição com a vida diária de Dona Sinhazinha. O
burburinho na cidade aumenta. Todos já desconfiam. Sinhazinha está mais bonita,
mais mulher.
Eis que
Jesuíno vê o flagrante e resolve dar fim a essa pouca vergonha. Faz o que
deveria ser feito. E comete um crime que irá definitivamente dividir a cidade.
Até então, todas as traições acabam assim. E o marido traído nem sequer é
questionado. Continua livre e casa novamente se for de seu interesse. Mas dessa
vez os tempos são outros e Osmundo é filho de gente importante na capital da
Bahia. Sua rica família irá lutar pelo direito de ver atrás das grandes o grande
assassino.
BATACLAN, A GRANDE
FESTA DA CIDADE
Enquanto
trancam suas mulheres em casa, os coronéis se esbaldam no cabaré mais agitado de
Ilhéus, o famoso Bataclan, regido pelas mãos de ferro - e de unhas carmim - de
Maria Machadão (Ivete Sangalo). É por lá que a moda entra, que os anos 20
brilham. Muita música, , muita risada e muito prazer. As mulheres-damas, como
são chamadas as trabalhadoras locais, são moças lindas, vindas de todos os
lugares, até do estrangeiro. E lá impera uma lei. Uma vez que uma das moças é
chamada para sentar à mesa com um coronel, passa a ser “propriedade” dele.
Ninguém mexe. E há o “chamego”, a moça de um só coronel ou homem abastado. Um
costume da época.
É lá que
Nacib (Humberto Martins) encontra Zarolha (Leona Cavalli), uma fogosa sergipana,
seu afago certo, seu chamego. Mulher de gênio forte, com vontades próprias, e
fiel a seu turquinho - como se refere a Nacib. Zarolha é quem vai liderar uma
revolta contra as beatas da cidade. Ao saber da procissão organizada pela igreja
para que as chuvas voltem a regar os campos de cacau, a sergipana começa a
bordar um manto para sua santa de devoção, Maria Madalena. E quer sair nas ruas
a ostentar o trabalho tão bem feito por ela e suas colegas. O que vai criar uma
imensa confusão. Zarolha enfrenta até coronel Ramiro Bastos, que vê nela uma
coragem similar a dele e acaba dando a grande ideia à Maria Machadão: uma greve
de sexo! A cidade paralisa e sem ver como resolver o assunto, é permitida a
saída das prostitutas ao lado das moças de família. Uma vitória para o
Bataclan.
Maria
Machadão acha bom, gosta de ver suas meninas unidas. Mas sob seu controle. É
mulher brava, mas amiga ao mesmo tempo. Defende seu bordel com unhas e dentes e
não gosta de ser enganada. Dá conselho às meninas, ensina como tirar mais
dinheiro dos coronéis. E tem seus segredos. Quando ouve alguma coisa que possa
prejudicar Ramiro Bastos (Antonio Fagundes), Maria faz com que ele saiba. Ele
não frenquenta mais o lugar, mas sua ligação com Maria Machadão é algo de longa
data, porém ninguém comenta. O Bataclan é um lugar de
diversão.
A MOÇA DA
JANELA
E o coronel
que não tivesse seu chamego no Bataclan, sustentava uma “teúda e manteúda”
em algum
lugar. Coronel Coriolano (Ary Fontoura) é conhecido por seus
casos extraconjugais. Dizem que já até fez justiça com uma dessas moças que
sustentava quando soube que ela tinha outro rapaz. E assim, todos têm medo de
Coriolano, ninguém é capaz de olhar para moça que ele sustente. Mas o coronel é
abusado, trouxe Glória (Suzana Pires) para ficar na casa de sua família bem no
centro de Ilhéus. Enquanto está na fazenda, Glória fica sozinha na grande casa.
Não deixa sair à rua, e só permite a ela ficar na janela. Ela pede para ver o
movimento da cidade. Ele deixa. Mas não pode sair por aí, isso já é demais.
Glória,
debruçada na janela, é uma afronta a moral de Ilhéus. Todos falam. E todos,
quando sozinhos, arriscam um olhar para ela. Como é bonita a morena que se apoia
no parapeito de sua janela. O único que troca palavras ocasionais com Glória é
Josué (Anderson Di Rizzi). Ela suspira ao ver seu amor por Malvina (Vanessa
Giácomo) e sofre junto com ele. Glória tenta se aproximar de Josué e acaba por
trazê-lo para sua cama. Um tórrido romance se inicia e Glória usa o dinheiro do
coronel para comprar sapatos, camisas e mimos para seu amante. Um novo escândalo
na cidade. O jogo de tão perigoso, fica engraçado. O clima de vaudeville toma conta da história e
Coriolano, por vezes, sentirá um perfume no ar, e Josué se esconderá dentro do
armário. Os dois viverão assim por um bom tempo. Entre o risco e a
paixão.
LINDINALVA, UMA QUASE
SINHÁ
Uma moça da
classe média de Ilhéus, que os pais, donos de um armarinho na cidade, se
sacrificam para dar uma vida igual a das sinhazinhas para ela. Lindinalva
(Giovanna Lancelotti) corresponde a todo esse amor familiar, é doce e prendada.
E apaixonada por seu noivo, Berto (Rodrigo Andrade ), um dos dois
filhos do coronel Amâncio (Genézio de Barros). Está prometida para casar, mas o
moço enrola, quer deitar com ela antes da noite de núpcias. Ela não
deixa.
Uma
fatalidade acontece e Lindinalva fica órfã. Descobre que o armarinho tem dívidas
homéricas e resolve aceitar a auxílio de Berto, mas em troca passa a se deitar
com ele. Vira assunto da cidade, e Berto não fala mais em casamento. A moça se
desespera e pede abrigo à Quinquina (Angela Rebelo) e Florzinha (Bete Mendes),
uma delas, sua madrinha. Mas diante da fama da menina, elas recusam a ajudá-la:
todos já viram Berto sair da casa dela ao amanhecer. Sem dinheiro e não ter o
que comer, Lindinalva não tem outra alternativa: se apresenta a Maria
Machadão.
O JORNAL DIÁRIO E OUTRAS COISAS MODERNAS À
ÉPOCA
Um jornal
diário, uma arma poderosa para denunciar e agraciar a política local. Mas para
que lado o jornal vai pender? Como todo bom negócio, vai depender de seu
investidor. Douglas (Jackson Costa), dono do jornal mais forte de Ilhéus, vai
pedir ao coronel mais poderoso da cidade a verba necessária para que o jornal
deixe de ser semanal e passe a ser diário. Ramiro Bastos (Antonio Fagundes) não
acha bom investimento, sabe que o jornal, mesmo com o dinheiro dele, pode se
voltar contra a política que vigora até hoje por lá, a dele. Todavia, Douglas
não se dá por satisfeito e vai atrás da maior promessa do progresso local,
Mundinho Falcão. O jovem vê ali a oportunidade de ter um grande aliado no seu
empreendedorismo. Vira o patrocinador do jornal de Ilhéus, que veste a camisa
dos progressistas, com manchetes e denúncias contra o intendente Ramiro Bastos e
os coronéis conservadores. A recusa do coronel virou um tiro no pé para os
conservadores.
ARTE E
ARTISTAS
E é Douglas,
junto com seu amigo Dr° Pelópidas (Ilya São Paulo), quem vê Mundinho aportar em
Ilhéus - em um barco pequeno já que o navio encalhou - com Anabela (Bruna
Linzmeyer) e Príncipe Sandra (Emílio Orciollo Netto), um suposto casal, dois
artistas que Mundinho trouxe da capital do Brasil para mexer com a pacata
Ilhéus. Anabela tem como carro-chefe a dança dos setes véus, que por razões
óbvias, só é acolhida no Bataclan. Já Príncipe Sandra consegue fazer seu show de
mágicas no cinema da cidade. Juntos, os dois formam uma bela dupla de falsários.
Mas isso Ilhéus só vai descobrir com a transformação dos
tempos.
Entrevista com o autor
Walcyr
Carrasco
Walcyr
Carrasco é natural de Bernardino de Campos, São Paulo. Morou dos três aos 15
anos em Marília
(SP ) e logo depois foi para São Paulo, onde reside até hoje.
Formou-se em
jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP.
Trabalhou como jornalista nas revistas Veja e Isto É e nos jornais O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e
Diário Popular. Ao mesmo tempo,
iniciava a carreira de escritor na revista infantil Recreio. Aos 28 anos, publicou seu
primeiro livro “Quando meu irmãozinho nasceu”. Viriam depois muitos outros.
Entre suas obras voltadas ao público adulto estão a autobiografia “Em busca de
um sonho”, “Pequenos delitos”, “Anjo de quatro patas’. Também autor de teatro,
recebeu o prêmio Shell de melhor autor por “Êxtase”. Na televisão, é autor
também de novelas como “O cravo e a rosa”, “A padroeira”, “Chocolate com
Pimenta”, “Sete Pecados”, “Alma Gêmea”, entre outras. Seu último trabalho foi
“Morde & Assopra”.
Você, em algum momento, disse que só emendou um trabalho no outro só por se tratar de ‘Gabriela’. Isso era um sonho?
WC:
Sim, sempre foi.
Jorge Amado faz parte da minha formação. Li ‘Gabriela’ quando tinha uns 12 anos
e reli algumas outras vezes. Era um projeto antigo e logo que acabou “Morde
& Assopra” fui para Ilhéus com o Maurinho (Mauro Mendonça Filho) para
conceituar a produção.
Dentro de tantas tramas
– são mais de 200 personagens - o que mais lhe chama atenção na obra de Jorge
Amado, ‘Gabriela, cravo e canela’?
WC:
A discussão dos
costumes. Gabriela vive em um momento de passagem de um mundo convencional para
um mundo mais moderno. Jorge Amado assinala isso em duas histórias:
Sinhazinha, com um crime de honra sendo punido; e com Gabriela, uma mulher
livre, independente que tem prazer, mas não se vende. Ela representa a liberdade
sexual em um momento que isso passa a ser discutido no mundo inteiro. Jorge
Amado é um autor ligado ao partido comunista. A visão de mundo dele fala da
opressão e é um autor que colocou a liberação sexual em primeiro plano. As
histórias tiveram inspirações reais.
Acha que essa versão
vai causar o rebuliço que Gabriela causou em 1975?
WC:
O que é
maravilhoso em novelas de época é que elas falam de estruturas morais. Hoje em
dia não se discute muito a liberação feminina. Mas a questão da liberação sexual
da mulher ainda é espantosa, ainda repercute. Hoje as pessoas têm outro
discurso, mas no íntimo ainda continuam conservadoras. Espero que tenhamos uma
boa repercussão.
Entrevista com o
diretor de núcleo
Roberto
Talma
Com mais de
50 anos de carreira, dos quais 43 dedicados à Rede Globo, Roberto Talma hoje é
diretor de núcleo na emissora. Com mais de 26 novelas, 16 séries e 18
especiais... no currículo, atualmente um de seus projetos é ‘Gabriela’. Roberto
Talma participou da primeira versão, em 1975, como diretor e, agora, volta a
gravar a nova adaptação inspirada na obra de Jorge Amado como um dos cabeças do
projeto. Talma, como é conhecido, é filho de uma família circense de São Paulo,
e começou a carreira profissional aos nove anos com um grupo de sapateado que se
apresentava no programa “A grande gincana Kibon”. No início da década de 1960,
mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, trabalhou durante algum tempo na
antiga emissora TV Rio, passando também pela TV Excelsior e pela TV Tupi, até
ser contratado pela TV Globo, em 1969. Na emissora, Roberto Talma começou como
operador de videoteipe e ainda no início da década de 1970 foi transferido para
o núcleo de dramaturgia. Seu primeiro trabalho com novela foi em Selva de pedra (1972), de Janete Clair,
dirigida por Walter Avancini.
Como é para você voltar
depois de 30 anos da primeira versão de ‘Gabriela’?
RT:
A mudança foi
tecnológica porque dramaturgicamente a histórica continua a mesma e linda. O
melhor livro do Jorge Amado para mim. É uma obra que as pessoas aguardam muito
para rever. Acho que existe uma nostalgia. Já se passaram três gerações de 10
anos cada. Estamos fazendo de outro jeito, outros recursos, qualidade de
produção melhor, a tecnologia está muito adiantada. E voltar depois de 30 anos é
um enorme prazer.
Qual é a cena mais
marcante para você da primeira versão?
RT:
A sequência mais
bonita de cena que existe é a morte de Ramiro Bastos. E a gente tentou passar o
desespero das pessoas, ele era amado como Getúlio Vargas
foi.
Para você, quem é
Gabriela?
RT:
A Gabriela tem um
lado sapeca, uma magia sedutora. A personagem é muito livre e isso permite que
ela se relacione com todas as pessoas, e é isso que eu acho lindo. Até na
relação amorosa. Não é o fato de casar, mas sim de ser feliz que é mais
importante. A gente usava muito esse lado lúdico dela e vai usar novamente. Ela
brinca de pular carniça, correr atrás de bichos. Isso faz com que o personagem
se aproxime muito do telespectador. E uma das coisas mais lindas que existe na
obra é o posicionamento que Jorge (Amado) criou para ao amor de Nacib e
Gabriela. O amor fala mais alto do que qualquer traição. Ele perdoa a mulher
amada. O posicionamento foi que amar é perdoar e não matar, como era comum na
época.
Entrevista com
diretor-geral
Mauro Mendonça
Filho
Mauro
Mendonça Filho tem formação em comunicação, cinema, artes dramáticas e direção
de teatro, o que lhe rendeu a versatilidade de atuar como diretor de teatro,
cinema e televisão. Ingressou na TV Globo em 1984, como editor na novela
‘Partido Alto’, de Aguinaldo Silva e Glória Perez. Em 1988, começou como
assistente de direção da novela “Vale Tudo”, de Gilberto Braga. Dois anos
depois, já assinava como diretor a minissérie ‘A.E.I.O. Urca’, de Doc Comparato
e Carlos Manga. Em 1995, assinou a primeira direção geral, no especial ‘A
Comédia da Vida Privada’. Desde o começo de sua carreira na televisão,
participou da concepção de trabalhos como ‘O Dono do Mundo’, ‘Renascer’,
‘Memorial de Maria Moura’, ‘Toma Lá Dá Cá’, ‘Negócios da China’ e ‘S.O.S
Emergência’. Seu último trabalho na TV Globo foi ‘O
Astro’.
Como foi escolhida
Juliana Paes para viver Gabriela?
MMF: Sugeri o nome de Juliana e Talma
concordou de imediato. Não tiveram dúvidas e Gabriela foi Juliana desde sempre.
Ela tem cara de brasileira, é naturalmente sensual, é espontânea. Já que
Gabriela virou adjetivo, posso dizer que Juliana é meio Gabriela. Ela é uma
guerreira sertaneja. Uma mulher que atravessou o sertão e conseguiu manter a
alegria na vida. É divertida, sensual e sem preconceitos. E Gabriela, por ser a
mais primitiva sexualmente, é a mais livre da história. O grande lance é que por
mais que seja uma obra de 1925
a gente ainda olha para ela e se
espelha.
‘Gabriela’ se passa nos
anos 20. Como você vai tratar os assuntos da época para conseguir aproximar os
jovens de hoje para a trama?
MMF: Espero aproximar o público fazendo-o
entrar na história. Quero que quando parem para ver ‘Gabriela’, pensem como se
pensava na época. Porém, a obra continua atual, principalmente nas questões
políticas e sociais. A emancipação feminina, por exemplo, ainda caminha
lentamente. E Gabriela é um exemplo de mulher livre. Exemplo esse que serve para
todos os jovens de hoje em dia também. Temos muito o
que aprender com ela.
Quais foram suas
referências para ilustrar esse cenário de
‘Gabriela’?
MMF: A referência foi o próprio Jorge Amado.
Li outros quatro livros dele: “Seara Vermelha”, “Terras do sem fim”, “Cacau” e
“São Jorge dos Ilhéus”. Além disso, cresci vendo filmes de Glauber Rocha, Ruy
Guerra. Vi “Vidas Secas”, de Nelson Pereira dos Santos. As minisséries “Morte e
vida Severina”, “Lampião e Maria Bonita”. O sertão nordestino está ali o tempo
inteiro como um universo mítico brasileiro. O deserto e a seca tem muita
referência no cinema nacional e eu tentei captar de novo esse universo para a
TV. O Jorge Amado serviu o audiovisual brasileiro com suas obras. E a gente vai
tentando achar na “baianice” dele, e na sua infância de filho de fazendeiro, um
nordeste autêntico.
Como foi o processo de
escalação dos atores? Quem são os novos rostos e as grandes
apostas?
MMF: Foi tudo escalado em sintonia por mim,
(Roberto) Talma e Walcyr (Carrasco). A escalação foi baseada na autenticidade e
talento.
PERFIL DOS
PERSONAGENS
GABRIELA (Juliana Paes)
- Nasceu no
sertão nordestino. Gabriela é um espírito livre. Representa a mudança dos
tempos, a evolução político-social do mundo. Ao chegar a Ilhéus é contratada por
Nacib (Humberto Martins), dono do bar Vesúvio, com quem viverá um romance. É uma
exímia cozinheira. Será a mulher mais desejada da cidade.
NACIB ACHCAR SAAD
(Humberto Martins) - Veio da Síria aos quatro anos de idade. É proprietário do
bar Vesúvio. Solteiro, é frequentador do cabaré Bataclan, onde tem um chamego
com Zarolha (Leona Cavalli). É o chamado “boa praça”, amigo de todos os coronéis
e também do opositor Mundinho Falcão (Mateus Solano). Contrata Gabriela (Juliana
Paes) e se apaixona por ela. Decide se casar com a cozinheira, porém, Gabriela
não se adapta a vida de mulher casada. Vai viver um dilema no amor.
CORONEL RAMIRO BASTOS
(Antonio Fagundes) - Intendente de Ilhéus, maior força política da região.
Fazendeiro de cacau da época do desbravamento, quando as terras eram
conquistadas a tiros. É o líder conservador. Seu poder é contestado quando o
jovem Mundinho Falcão (Mateus Solano) vem para a
cidade.
MUNDINHO FALCÃO ou
RAIMUNDO MENDES FALCÃO (Mateus Solano) -De família de políticos paulista,
mudou-se para Ilhéus para criar seu próprio projeto de vida e também para
esquecer um amor. É exportador de cacau. Jovem, solteiro, cheio de ideias novas,
decidido e prático. Passou a enfrentar a oligarquia dos coronéis, liderada por
Ramiro Bastos (Antonio Fagundes). Mas apaixona-se justamente por Jerusa (Luiza
Valdetaro), a linda neta do coronel Ramiro Bastos.
TONICO BASTOS (Marcelo
Serrado) - Filho
do coronel Ramiro Bastos (Antonio Fagundes), dono do cartório da cidade, é
casado com Olga Bastos (Fabiana Karla), e pai de quatro crianças. Sabe levar
muito bem a mulher ciumenta, que acredita que são as outras que correm atrás de
seu marido tão fiel. Mas é Tonico que vive no Bataclan. Sempre sorridente,
sempre amigo, mas sem escrúpulos, é um simpático antagonista. Amigo e confidente
de Nacib (Humberto Martins) é ele quem consegue se enfiar na cama de Gabriela
(Juliana Paes). Tonico é "um canalha simpático, um irresistível mau
caráter".
JERUSA BASTOS (Luiza
Valdetaro) - Filha de Alfredo Bastos (Bertrand Duarte) e neta preferida
de Ramiro (Antonio Fagundes). É bonita e delicada. Ramiro Bastos deseja que ela
se case com Juvenal (Marco Pigossi), filho do coronel Amâncio (Genézio de
Barros), seu compadre. Mas ela se apaixona por Mundinho Falcão (Mateus Solano),
o maior inimigo político de Ramiro Bastos.
FAMÍLIA DE RAMIRO
BASTOS
ALFREDO BASTOS
(Bertrand Duarte)
- Filho de Ramiro (Antonio
Fagundes). O médico é deputado estadual praticamente por imposição do pai. Não
tem o menor talento para a política. Pai de Jerusa (Luiza Valdetaro). Casado com
Conceição (Vera Zimmermann), esta sim, uma mulher forte e
altiva.
CONCEIÇÃO BASTOS (Vera
Zimmermann) - Mulher de Alfredo (Bertrand Duarte), mãe de Jerusa (Luiza
Valdetaro). Uma mulher ainda sofisticada, vinda de Salvador, que acha Ilhéus uma
província. É altiva, despreza Gabriela (Juliana Paes). Respeita o sogro, Ramiro
(Antonio Fagundes), a quem admira mais que o marido. Faz de tudo para impedir
seu romance com Mundinho (Mateus Solano).
OLGA BASTOS (Fabiana
Karla) - Mulher
de Tonico (Marcelo Serrado). Filha de fazendeiros riquíssimos. É ciumentíssima,
acha que são as mulheres que correm atrás do seu marido, e não o contrário. Vive
às turras com a cunhada, Conceição (Vera Zimmermann), que acha "metida" demais.
Tem quatro filhos, verdadeiros pestinhas.
RAMIRINHO (Filipe
Gimenez), BENTO (Gustavo Mello), MARIA LUPICÍNIA (Anna Gabriela), LADISLAU (Kaic
Chagas) - Filhos
de Tonico (Marcelo Serrado) e Olga (Fabiana Karla). Maria Lupicínia (Anna
Gabriela) vive denunciando o pai.
PRAZERES (Telma Souza)
- Empregada da
família há muitos anos, confidente de Jerusa (Luiza
Valdetaro).
FAMÍLIA DO CORONEL
AMÂNCIO
AMANCIO LEAL (Genézio
de Barros) - Fazendeiro de cacau, viúvo, mora com a mãe Dorotéia (Laura
Cardoso) e os dois filhos, Juvenal (Marco Pigossi) e Berto (Rodrigo Andrade ), em
Ilhéus. É o principal aliado de Ramiro Bastos (Antonio Fagundes) e também um dos
principais opositores de Mundinho Falcão (Mateus Solano). Pretende casar seu
filho Juvenal (Marco Pigossi) com Jerusa (Luiza Valdetaro). E apoia seu filho
Berto (Rodrigo
Andrade ) quando resolve deixar Lindinalva (Giovanna
Lancelotti).
DOROTÉIA (Laura
Cardoso) - Mãe de
coronel Amâncio (Genézio de Barros), se considera o pilar moral de Ilhéus. Tudo
passa sob seu julgamento. Dominadora. Quer saber de tudo, quer "aconselhar" todo
mundo. Acaba sendo o terror da cidade. Seu maior sonho é que seu outro neto,
Juvenal (Marco Pigossi), case-se com Jerusa (Luiza
Valdetaro).
BERTO (Rodrigo Andrade ) -
Filho do Coronel
Amâncio (Genézio de Barros). Neto de Dorotéia (Laura Cardoso). Rico. Machão.
Enquanto os pais de Lindinalva (Giovanna Lancelotti) são vivos, ele a respeita.
É seu noivo e pretende casar. Quando eles morrem e Lindinalva fica em
dificuldades, porém, é o primeiro a se aproveitar da situação.
JUVENAL (Marco Pigossi)
- Chega à cidade
vindo de Salvador, onde estudou. Tem ideias progressistas. Enfrenta o pai. Quer
se casar com Jerusa (Luiza Valdetaro), mas apaixona-se por Ina (Raquel Villar),
uma jovem e sensual que trabalha no Bataclan.
FAMILIA CORONEL MELK
TAVARES
CORONEL MELK TAVARES
(Chico Diaz) - Rico fazendeiro de cacau, mora em Ilhéus com a esposa
Marialva (Bel Kutner) e a filha Malvina (Vanessa Giácomo). Conservador, apoia
Ramiro Bastos (Antônio Fagundes). É um pai rígido, duro, de personalidade forte.
Proíbe a filha Malvina até de continuar os estudos na Universidade. Malvina
enfrenta o pai em todos os momentos. Melk contrata o Negro Fagundes (Jhe
Oliveira) e Clemente (Daniel Ribeiro) para trabalhar em sua
fazenda.
MARIALVA
TAVARES (Bel Kutner) - Mulher de Melk (Chico Diaz),
é assustada e submissa. O que o marido diz para ela é lei. Passa o tempo todo
tentando impedir os enfrentamentos entre Malvina (Vanessa Giácomo), a filha, e o
pai, Melk.
MALVINA TAVARES
(Vanessa Giácomo) - Filha única de Melk (Chico Diaz). Jovem, bela, inteligente,
intrépida e de espírito independente. Rebelde, não aceita viver de acordo com as
convenções da sociedade de Ilhéus. Enfrenta o pai. Apaixona-se por Rômulo (Henri
Castelli), engenheiro que vem de Salvador. Sabe que Rômulo é casado, mas mesmo
assim namora com ele. Ela simboliza a libertação feminina que dá seus primeiros
passos na década de 20.
BATACLAN
MARIA MACHADÃO (Ivete
Sangalo) - É a
dona do Bataclan. Extrovertida, alegre, mas autoritária com as "meninas" quando
necessário. Foi mulher-dama no passado. É amiga de todos os coronéis, "mãe" de
todas as "meninas". Conhece os chamegos, amores, paixões, segredos dos coronéis
e seus filhos. Pode ser extremamente doce e maternal. Mas também autoritária,
até cruel. Estabelece com as garotas do Bataclan uma relação de amizade e
exploração. Todas lhe pagam também 50% do que recebem de cada cliente, no ato.
Sabe aconselhar as garotas a se darem bem com um chamego, e arrancar dinheiro do
homem cativado. É respeitadíssima pelas garotas e pelos coronéis e
clientes.
ZAROLHA ou RISOLETA
(Leona Cavalli) - É uma sergipana, chamego de Nacib (Humberto Martins) no
Bataclan. Amicíssima de Maria Machadão (Ivete Sangalo). Seu sonho é casar com um
coronel e se tornar senhora.
NATASCHA (Nathália
Rodrigues) - A
loira fala com sotaque e conta que é da família imperial russa. Diz que é uma
princesa. E por isso é cheia de exigências, cobra caro, tudo porque os coronéis
sentem-se "honrados" em compartilhar o leito da "princesa".
TEODORA (Emanuelle
Araújo) - Morava
em uma fazenda de cacau e fugiu de casa depois que o padrasto tentou seduzi-la.
Virou mulher-dama a convite de Maria Machadão (Ivete Sangalo).
MARA (Suyane Moreira)
- Uma amazonense bonita e desbocada.
INA (Raquel Villar) -
A mais jovem de
todas as mulheres-damas, bem delicada. E sempre assustada. Gosta de brincar de
boneca embora, é claro, não tenha idade pra isso.
MISS PIRANGI (Gero
Camilo) - o
"invertido" da cidade, nas palavras de Jorge Amado. Faz tudo que Maria Machadão
(Ivete Sangalo) quer. Limpa o bordel, serve as mesas, faz pequenos trabalhos de
costura. É generoso. Mas é marginalizado pela sociedade
ilheense.
IRMÃS DOS REIS
(As
solteironas da cidade)
QUINQUINA (Angela
Rebello) - É a
maior fofoqueira da cidade. Tudo vê, tudo comenta. Observa cada saia, cada
decote. Nunca se casou. Ela e a irmã, Florizinha (Bete Mendes), herdaram casas
de aluguel. E fazem doces para vender para fora. Sua maior atividade, porém, é
criar, junto com a irmã, um presépio, recortando personagens de revistas. O
presépio é o grande acontecimento da cidade na época natalina. Rígida, se
recusará a receber a afilhada Lindinalva (Giovanna Lancelotti) em casa quando o
noivo Berto (Rodrigo
Andrade ) largá-la.
FLORZINHA (Bete Mendes)
- Irmã de
Quinquina (Angela Rebello). Também é fofoqueira, porém, mais doce que a irmã.
Mais emocional. E sempre acaba fazendo o que a irmã manda. Pede revistas a todos
que encontra, para montar o presépio.
A HISTÓRIA DE
SINHAZINHA
SINHAZINHA MENDONÇA
(Maitê Proença) -
Mulher do coronel Jesuíno (José Wilker), sofre nas mãos do marido. Vive na
igreja, é amiga de todas as senhoras da sociedade. É devota de São Sebastião. Um
dia vai fazer um tratamento dentário com o jovem e sedutor doutor Osmundo (Erik
Marmo). Apaixona-se por ele.
OSMUNDO PIMENTEL (Erik
Marmo) - Jovem
dentista, vindo de Salvador, filho de um rico comerciante, se instalou em Ilhéus
com um consultório bem montado na avenida da praia. Apaixona-se por Sinhazinha
(Maitê Proença).
CORONEL JESUÍNO
MENDONÇA (José Wilker) - É um homem bruto, inclusive no trato com a esposa. Rígido.
Descobre a traição da esposa com o dentista e decide “fazer justiça”. Ele será o
primeiro a ser questionado pela sociedade em
transformação.
NÉIA (Yaçanã Martins) -
Empregada da casa
que descobre a traição de Sinhazinha (Maitê Poença) com Osmundo (Erik
Marmo).
A MOÇA DA
JANELA
GLÓRIA (Suzana Pires) -
Teúda e manteúda
pelo Coronel Coriolano Ribeiro (Ary Fontoura), Glória é uma bela mulher. Vive na
casa que foi da família do coronel, próxima às famílias da sociedade, para
escândalo das mulheres locais e divertimento do pessoal do Vesúvio, que a vê,
todas as tardes, na janela. Tem uma vida confortável com o dinheiro do coronel e
gosta dela. Mas seduz o professor Josué (Anderson di Rizzi), poeta e pobre. E
começa a lhe comprar presentes. Muitas vezes o coronel Coriolano chega de
surpresa, mas ela sempre esconde Josué.
JOSUÉ (Anderson di
Rizzi) - É
subdiretor e professor do ginásio. Vive no bar Vesúvio. Sem dinheiro, vive
pendurando a conta com Nacib (Humberto Martins). É apaixonado por Malvina
(Vanessa Giácomo), a quem dedica versos de amor. Para olhar Malvina, fica sempre
perto da janela de Glória (Suzana Pires), e acaba tendo um caso com
ela.
CORONEL CORIOLANO (Ary
Fontoura) - Sempre mantém uma moça bonita para ficar com ele quando vem
da fazenda. Antes de Glória (Suzana Pires), teve muitas outras. Desconfiado e
ciumento, não aceita traição de jeito nenhum. Vive tentando descobrir se Glória
o trai. Mas ela sempre disfarça (ou esconde o professor Josué no próprio
quarto).
A HISTÓRIA DE
LINDINALVA
LINDINALVA (Giovanna
Lancelotti) - Jovem bonita, da incipiente classe média da cidade. Seu pai
é dono de um armarinho. É noiva de Berto (Rodrigo Andrade ), filho do coronel
Amâncio (Genézio de Barros). O casamento está para ser marcado. Mas seus pais
morrem num acidente. Lindinalva descobre que o armarinho está endividado. E o
aluguel não foi pago há meses. Sem dinheiro, aceita a ajuda do noivo. Passa a
depender dele. E Berto exige dormir com ela. Lindinalva aceita. Logo Berto é
visto saindo da casa de manhã. Ela passa a ser hostilizada por todas as mulheres
que eram amigas de sua mãe. É proibida de ver as amigas. Lindinalva é obrigada a
bater na porta do Bataclan.
DONA RITA (Izabella
Bicalho) - Mãe de
Lindinalva (Giovanna Lancelotti). Dona de casa, simples, feliz com o noivado da
filha. Não sabe a real situação financeira da
família.
ALCEU (Carlos Betão) - Pai de Lindinalva
(Giovanna Lancelotti), dono de um armarinho. O pequeno comerciante está
endividado. Apesar das preocupações, está certo de que vai se safar. Só precisa
de um tempo para isso. Está feliz com o noivado da filha, principalmente por ser
com o filho de um coronel. Mas junto com a mulher, morre em um
acidente.
ZULMIRA (Rejane Maya) -
A empregada que
criou Lindinalva (Giovanna Lancelotti).
OUTROS
CORONÉIS
MANOEL DAS ONÇAS (Mauro
Mendonça) - Velho
fazendeiro do cacau. Vive no bar de Nacib (Humberto Martins) e é doido por
Gabriela (Juliana Paes). Daria casa montada e até uma roça de cacau para
Gabriela se tornar sua amante. Casado, deixa sua família na roça. E vem a Ilhéus
para negócios, onde se diverte.
ALTINO BRANDÃO (Nelson
Xavier) - Sergipano, um dos pioneiros na cultura do cacau, e também
um dos maiores fazendeiros. Mora em sua fazenda em Rio do Braço. Mas é um
homem de ideias abertas, ao contrário dos outros coronéis. Tenta unir Ramiro
Bastos (Antonio Fagundes) a Mundinho Falcão (Mateus Solano). É o primeiro a se
passar para o lado de Mundinho Falcão.
RIBEIRINHO (Harildo
Deda) - Um grande
frequentador do Vesúvio e do Bataclan. Alinha-se com Ramiro Bastos (Antonio
Fagundes), mas seu grande interesse são as mulheres. Será chantageado por
Príncipe Sandra (Emílio Orciollo Netto) e Anabela (Bruna
Linzmeyer).
FREQUENTADORES DO
VESÚVIO
JOÃO FULGÊNCIO (Pascoal
da Conceição) - É
o dono da Papelaria Modelo, centro da vida intelectual de Ilhéus. Casado, tem
dois filhos. Ri dos costumes locais, é um homem de mente aberta. E com grande
perspicácia. É ele que vende livros como "O Crime do Padre Amaro" à Malvina
(Vanessa Giácomo).
DOUTOR MAURÍCIO
(Claudio Mendes) - Advogado conservador, que obedece a todos os pedidos de
Ramiro Bastos (Antonio Fagundes). Também se interessa por Gabriela (Juliana
Paes), e lhe oferece casa montada.
DOUGLAS (Jackson Costa)
- Dono do jornal
da oposição, amigo próximo de Mundinho Falcão (Mateus Solano). Homem de ideias
progressistas, radical.
NHÔ GALO (Edmilson
Barros) - Funcionário público, boêmio inveterado, é um tipo divertido
e ao mesmo tempo, sábio. Anticlerical. Tem aventuras com as mulheres do
Bataclan. É irônico, divertido.
DOUTOR PELÓPIDAS ÁVILA
(Ilya São Paulo) - É conhecido apenas pelo apelido de Doutor. É um tipo
romântico. Médico, é quem trata das moças do Bataclan.
DOUTOR EZEQUIEL (José
Rubens Chachá) - O mais moralista de todos. É solteiro e vive na igreja.
AS
GAROTAS
IRACEMA (Amanda
Richter) - É a
mais ousada das moças de Ilhéus. Dança apertadinha com o par. Namora aos beijos
no portão. Amiga de Jerusa (Luiz Valdetaro) e Malvina (Vanessa Giácomo).
Interessa-se por Mundinho Falcão (Mateus Solano). Mas gosta mesmo de Juvenal
(Marco Pigossi), filho do Coronel Amâncio (Genézio de Barros) e, embora saiba
que o moço está prometido a Jerusa, fará tudo para ficar com
ele.
ZULEIKA (Fernanda
Pontes) - Também
amiga de Jerusa (Luiza Valdetaro), Malvina (Vanessa Giácomo) e Iracema (Amanda
Richter), é a mais inocente de todas. Romântica, à espera de um príncipe
encantado.
OS
VIGARISTAS
PRÍNCIPE SANDRA (Emílio
Orciollo Netto) - mágico de quinta categoria, que vem a Ilhéus trazido por
Mundinho Falcão (Mateus Solano), acompanhado de sua "esposa" e assistente,
Anabela (Bruna Linzmeyer). Praticam o golpe do suadouro, que é bem típico da
época. O coronel "seduz" a mulher. Anabela o recebe no quarto. Quando estão
juntos, o "marido" entra de revólver na mão. Ameaça lavar a honra a sangue. O
coronel tenta dissuadi-lo de atirar, ela chora, enfim, é um drama, onde o
coronel se apavora. Finalmente, "marido" e "mulher" aceitam um bom dinheiro para
irem "refazer" a vida em outro local. Quando o
coronel sai, caem na gargalhada e avaliam quanto ganharam no
golpe.
ANABELA (Bruna
Linzmeyer) - Dançarina e assistente de Príncipe Sandra (Emílio Orciollo
Netto), seu marido mágico. Chegou a Ilhéus trazida por Mundinho Falcão (Mateus
Solano), com quem tem uma intimidade muito grande. Suas principais danças são a
dos Sete Veús e a dos Leques. Dança, é claro, no Bataclan. Mas Anabela é
especialista no golpe do suadouro.
OUTROS
PERSONAGENS
PADRE CECÍLIO (Frank
Menezes) - Alegre
e bonachão, está nas mãos das beatas da cidade. E vive sendo pressionado por
Maria Machadão (Ivete Sangalo) e as moças do Bataclan. Fecha os olhos para as
violências dos coronéis.
RÔMULO VIEIRA (Henri
Castelli) - Engenheiro do ministério da Viação enviado do Rio de
Janeiro para as obras do porto de Ilhéus. Ao contrário de todo o povo de Ilhéus,
gosta de nadar no mar. Atlético, bonito. É casado com uma mulher internada num
hospício mas, de acordo com a lei, não pode se separar legalmente. E mesmo que
se separasse, não poderia casar, pois na época isso não era admitido para quem
rompesse o casamento. Namora com Malvina (Vanessa Giácomo), a filha do Coronel
Melk Tavares (Chico Diaz).
DONA ARMINDA (Neusa
Maria Faro) - Vizinha de Gabriela (Juliana Paes), torna-se sua melhor
amiga. Fofoqueira, divertida. Vive dando conselhos a Gabriela - os piores - para
arrancar presentes de Nacib (Humberto Martins), aproveitar enquanto é jovem. É
mãe de Chico Moleza (Renan Ribeiro), que trabalha no bar Vesúvio. É espírita e
também a parteira da cidade. Vive reclamando, pois acha um escândalo os médicos
fazerem partos de bebês.
CHICO MOLEZA (Renan
Ribeiro) - Filho
de dona Arminda (Neusa Maria Faro), trabalha no Vesúvio. Serve as mesas. Está
naquela idade de se interessar por mulheres.
TUÍSCA (Max Lima) -
Garoto que vende
os doces das irmãs dos Reis. Torna-se o melhor amigo de Gabriela (Juliana Paes),
com quem brinca de currupio e de soltar pipa. É um moleque brincalhão,
divertido.
MIQUELINA (Clara
Paixão) - Do
povo, amiga de Gabriela (Juliana Paes). É quem ensaia para o reizado junto com
Gabriela.
NEGRO FAGUNDES (Jhe
Oliveira) - Atravessou a caatinga com Gabriela (Juliana Paes), de quem
é amigo. Foi para a fazenda do Coronel Melk Tavares (Chico Diaz). E tornou-se
seu jagunço. Também é amigo de Clemente (Daniel Ribeiro), o eterno apaixonado
por Gabriela.
CLEMENTE (Daniel
Ribeiro) - Apaixonado por Gabriela (Juliana Paes),
com quem vive um romance na travessia da caatinga. Quer casar-se com ela, mas
Gabriela não aceita. Vai trabalhar na fazenda do coronel Melk Tavares (Chico
Diaz) e vive indo a Ilhéus para rondar Gabriela.
FABIANA (Heloisa Jorge)
- Moça da fazenda
do coronel Melk Tavares (Chico Diaz), apaixonada por Clemente (Daniel
Ribeiro).
LOIRINHO (Widoto
Áquila) - Capanga
de Melk Tavares (Chico Diaz). Faz tudo que ele manda.
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