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quarta-feira, maio 23, 2012

GABRIELA



  
Gardênia Vargas
  
A terra vermelha reflete o sol escaldante do sertão nordestino. Entre as árvores retorcidas, espinhos violentos, animais indesejáveis a qualquer ser humano, o que mais mata é a sede. Seco, o clima é extremamente ingrato, infrutífero. A saliva demora a descer pela garganta rascante. As nuvens brancas não trazem sinal de água, nem uma gota. E a pele resseca e racha como o solo infértil dessa terra. É de lá que vem Gabriela (Juliana Paes). Com cheiro de cravo e cor de canela, seu corpo parece esculpido por mãos nada modestas. Traz a força da natureza no olhar e o balanço do vento no caminhar. É intima daquele lugar, mas não há mais porque cantar. A seca assola a caatinga e Gabriela precisa se retirar.

Perpassa nuvens de poeira, dias e noites marchando pelo sertão. Sem comida, sem bebida, sem acalanto. Na bagagem, um sorriso fácil de quem tem a imensa esperança de uma vida melhor. Seu canto é triste e ainda doce. Guarda na alma o seu amor pela vida. Carrega seu fardo e cuida do seu destino. Ele é seu, de mais ninguém! E assim, Gabriela abraça com coragem o intento de ser feliz. Sua árdua travessia é bem sucedida e, ao chegar a Ilhéus, conhece seu acaso, Nacib (Humberto Martins), o “moço bonito” por quem irá viver uma abrasadora paixão de encontros e desencontros tão profundos quanto o amor de um pelo outro.

Todavia, Gabriela é assim. Está com fome, come. Está com sede, bebe. Não entende porque alguém faz o que não quer. Ela respeita o querer, o do outro e o dela também. É assim, uma força da natureza, meio bicho, meio gente, meio fêmea e totalmente mulher. E o que atrai também afasta. E Nacib não sabe o que fazer com seu amor por Bié, como chama carinhosamente Gabriela.

Ele é um homem da sociedade Ilheense. Ela, uma cozinheira retirante. A flor no cabelo é só para enfeitar, mas quando ela passa, a cidade para para olhar. Ela não tem culpa, mas ele não aguenta. É tanta cobiça...! Tantos convites de coronéis. Vai que um dia ela aceita. Não pode! Vai então casar-se com Gabriela, fazer dela uma dama respeitada na sociedade. Que desencontro! O que Nacib não atina é que “certas flores são belas e perfumadas enquanto estão nos galhos, nos jardins. Levadas pros jarros, mesmo os de prata, ficam murchas e morrem”. Em outras palavras, ao prender um passarinho selvagem existe um risco iminente: um dia, quando você se distrair, ele pode ver a porta aberta e voar.

Essa história de amor se passa no começo do século XX, no interior da Bahia. Nesses tempos, moça boa era moça de família, com destino certo traçado pelo pai. E Gabriela não se enquadra na premissa. Mas é ela, alheia aos costumes da época, que provoca e põe à prova tudo quanto é sentimento humano e questionamento moral: o desejo, o amor, o preconceito, a traição, o ódio, o rancor, o perdão. Inspirada na obra de Jorge Amado, ‘Gabriela’, escrita por Walcyr Carrasco, estreia no dia 19 de junho, com direção de núcleo de Roberto Talma e direção geral de Mauro Mendonça Filho.


A HISTÓRIA DE ILHÉUS NO APOGEU DO CACAU

Ilhéus, 1925. Os coronéis são os grandes mandantes do lugar. Ninguém ousa dar um passo em falso sem ter aprovação de algum deles, mais especificamente, de um deles: Coronel Ramiro Bastos (Antonio Fagundes). Dono de arrobas e arrobas de cacau é o intendente da cidade, mais conhecido como Ramiro Bastos, o jardineiro. A democracia já está em vigor no Brasil, contudo, em Ilhéus, nenhuma pessoa tem coragem de dizer não ao voto para o coronel. O respeito foi conquistado à força, sem dó. Todos acatam o que ele diz , caso contrário, sabe-se que não terá futuro por ali. Ao lado dele, cuidando da moral de Ilhéus, mais coronéis compartilham de seu poder. Um deles é Melk Tavares (Chico Diaz), seu fiel escudeiro, desde o dia da batalha final pela conquista de Ilhéus, até os dias de hoje. Outros como Jesuíno (José Wilker), Amâncio (Genézio de Barros), Coriolano (Ary Fontoura), Altino (Nelson Xavier), Manuel das Onças (Mauro Mendonça), Eustáquio (Lúcio Mauro) e Ribeirinho (Harildo Deda) também compartilham, não só da violência dos mandos, como na opinião irredutível: está bom como está, não tem precisão de mudar.

Mas o tempo altera o rumo das coisas, e mesmo a mais dura rocha, um dia sofre com a erosão. Os ventos trazem transformações, e com Ilhéus não será diferente. E, se é pelo mar que as tempestades costumam chegar por lá, é um navio que aporta em Ilhéus que traz a carga mais perigosa contra o conservadorismo que impera  na região: Mundinho Falcão (Mateus Solano). Jovem descendente de uma forte família política em São Paulo, empreendedor milionário, chega do Rio de Janeiro com um propósito malquisto na cidade dos coronéis: o progresso.

Ganha rapidamente o posto de maior exportador de cacau da região e, tão veloz quanto sua fama, se torna o mais gigante oponente que Ramiro Bastos já teve em vida. Um ardiloso comerciante, orador nato, bonito por natureza, dono de elegância que vem de berço. E solteiro. Até as sinhazinhas já prometidas suspiram quando ele caminha com seus passos cuidadosos. A época das grandes emboscadas está por um fio com a presença galante de Mundinho. Ramiro terá que usar de outras armas para ganhar essa batalha contra a “imoralidade” trazida por esse “um” da capital. Mas não será fácil. Mundinho é um sedutor nato.

O símbolo mais emblemático da luta entre o conservadorismo de Coronel Ramiro Bastos e o progresso de Mundinho Falcão é a promessa da grande obra no porto de Ilhéus. Lá, os navios encalham, o que faz com que a exportação do cacau esteja totalmente nas mãos dos governantes da Bahia, a capital hoje conhecida por Salvador. Mundinho quer ver a economia de Ilhéus livre, e Ramiro, como intendente da cidade, deve muito ao governo baiano, e se opõe veementemente contra mais essa “liberdade”. Mundinho então decide não negar seu sangue e entra de vez para política. Será “a” oposição ao forte coronelismo local. Um briga de foice, instigada ainda mais pelo nascer de seu amor por Jerusa (Luiza Valdetaro), a neta preciosa de Ramiro Bastos.

ROMEU E JULIETA DOS TEMPOS QUASE MODERNOS

Foi uma ideia e nada mais. Um dos coronéis, Altino Brandão (Nelson Xavier), o primeiro a virar casaca e se aliar a Mundinho Falcão, é quem, numa conversa falsamente despretensiosa, planta a semente de uma poderosa união: “Não precisa brigar com o coronel, é só unir-se a ele. Ele tem uma neta, chama-se Jerusa. Conheça a moça”. E assim, como quem não sabe das coisas, é que Mundinho vai se aproximar de Jerusa. Mas não contava com as artimanhas do destino. Um coração fisgado, dois apaixonados.

Jerusa é filha de Alfredo Bastos (Bertrand Duarte), filho de Ramiro Bastos, um médico de pouca expressão, do qual o pai fez deputado; e de Conceição (Vera Zimmermann), a típica sinhazinha do cacau, altiva e orgulha. Entretanto, vem de seu avô a proteção maior. Já tem futuro pronto para Jerusa, sua joia preciosa. A neta herdeira dos Bastos já está prometida para Juvenal (Marco Pigossi), filho de Coronel Amâncio (Genézio de Barros), um de seus melhores amigos.

Saber disso é o que mais lhe aperta o peito quando conhece Mundinho e vislumbra seu destino. Os dois sabem: Mesmo que a bela Jerusa já não tivesse sua mão prometida, Mundinho Falcão, de todos os homens do mundo, seria o último que Ramiro aprovaria para sua neta predileta. Ele sabe. Ela sabe. Nasce então, um amor proibido, encontros às ocultas e muito romantismo.
  
TONICO BASTOS, UM IRRESISTÍVEL MAU-CARÁTER

Tonico (Marcelo Serrado), filho de coronel Ramiro Bastos (Antonio Fagundes), ganhou um cartório para se ocupar. É casado com a ciumenta Olga Bastos (Fabiana Karla), com quem tem quatro filhos. É tão escorregadio que consegue fazer com que Olga esteja sempre a defendê-lo. Ela tem certeza de que ele é um santo, mas muito desejado por todas as mulheres que chegam por perto. Entretanto, Tonico é um grande mulherengo, vive atrás de um rabo de saia. Mas é esperto, faz cara de coitado perto da mulher.

Frequentador assíduo do Bataclan, onde tem suas preferidas, mas não deixa de olhar para todas as outras, está sempre muito sorridente, muito amigo, mas é completamente sem escrúpulos. Tonico é mais um que passa a frequentar o bar Vesúvio, de Nacib (Humberto Martins), na hora do almoço. É a oportunidade de ver Gabriela (Juliana Paes). Ela traz os quitutes que faz para Seu Nacib vender no bar. A pedido da moça é ela quem serve a freguesia, que não se sabe bem ao certo o porquê, aumentou consideravelmente depois da chegada de Gabriela à cozinha. Deve ser o sabor da comida, pensa ela.

Esse é o momento mais esperado por todos os homens da cidade. A ida e vinda de Gabriela. A retirante de curvas acentuadas deslizando por entre as cadeiras do bar, debruçando sob uma mesa e outra. É nessa hora que Tonico, quando Nacib não vê, passa a mão nas costas de Gabriela, beija o pescoço dela. Ela faz que não vê. E é ele, o próprio Tonico Bastos que põe na cabeça de Nacib que ele precisa casar com ela. Um tesouro assim, não pode ficar desfilando na cidade sozinha. Há de se tê-la em casa, sob julgo do casamento, só para Nacib, sem deixar Gabriela para mais ninguém.

“Precisa, não. Tá bom como tá. Precisa casá, não, seu Nacib”, a frase de Gabriela em resposta ao pedido de casamento é taxativa. Não precisava. Mas Nacib quis. Ouviu Tonico e seus ciúmes.

O amigo de Nacib, então, torna-se o padrinho do casório E é assim que Tonico consegue se deitar na cama dela. Ou melhor, na cama do casal. O árabe não acredita no que vê. Seu amigo e o maior amor de sua vida, juntos, na mesma cama. Empunha uma arma, quer atirar, mas não consegue. Ama sua Bié demais da conta. A moral da época manda. Precisa atirar. Mas ele não consegue. Tonico livra sua pele, mas há de ter implicação.

Nacib anula o casamento. Nessa época não podia, mas como Gabriela nem documento tinha, ele volta rapidamente a ser solteiro, comerciante e dono do bar Vesúvio.

E Gabriela volta a ser Gabriela. Sente alívio por poder voltar a sorrir sem culpa, pé no chinelo, vestido sem moda e flor no cabelo. Mas a saudade é imensa, dos dois lados. Será que vão aguentar?

LIBERAÇÃO FEMININA, MEU NOME É MALVINA

Filha única do coronel Melk Tavares (Chico Diaz), Malvina (Vanessa Giácomo) não tenta domar seu espírito independente. Sabe que seu destino está traçado nas mãos de seu pai: vai fazer bom casamento com algum filho de coronel escolhido por ele  e, com isso, passará a vida cuidando da casa e dos filhos, escravizada pelo marido. Repudia esse pensamento e não abre mão de ter acesso a tudo o que é proibido, na época, para a mulher. Vai atrás de livros e os consegue em surdina, pelas mãos discretas de João Fulgêncio (Pascoal da Conceição), logo aqueles que ninguém pode ler. Descobre um mundo diferente de Ilhéus. Não aceita sua vida por lá.

Sua personalidade, tão forte quanto a do pai, é um problema para a família. Ela enfrenta as impetuosas ordens do coronel, e é sua mãe Marialva (Bel Kutner) que sofre. Ela ama sua boa mãe. Mas não quer ser igual a ela. Não é possível. Tudo que Malvina menos quer é ser reprimida e submissa como as mulheres dos coronéis. Sabendo disso, seu pai precisa arrumar logo um casamento para ela. Não gosta dessa rebeldia tão aflorada.

E quem suspira por Malvina é Josué (Anderson Di Rizzi), o professor do colégio e poeta nas horas vagas. Ele se encanta pela beleza forte de Malvina. Ela vê nele uma possibilidade de compreensão. Para ela o professor é sensível e pode abarcar seus anseios. Pura ilusão. Pobre Malvina, ele é só mais um homem de Ilhéus. E eis que chega um forasteiro, um engenheiro vindo da capital. Malvina se apaixona pela alma moderna de Rômulo (Henri  Castelli). Mas ele é casado! No entanto, a jovem não se importa com isso, ele já não vive com a mulher. Esfrega na cara da sociedade seu romance rechaçado. Mas existem consequências,  A cobrança irá chegar.

SINHAZINHA, O EXEMPLO PARA A SOCIEDADE

Com os casamentos arranjados, não havia como Sinhazinha (Maitê Proença) fugir do seu destino, muitas vezes, cruel. E assim foi com - ela, casou-se com coronel Jesuino (José Wilker), um dos mais broncos e duros dos coronéis. É tratada com frieza, não sabe o que é amor. Nunca foi beijada, não sabe o que é sentir prazer. É devota fervorosa de São Sebastião. Dona Sinhazinha é um exemplo para a sociedade. Sempre muito bem vestida, sempre muito bem educada. Um das principais ajudantes de Padre Cecílio (Frank Menezes).

Um dia precisa ir ao dentista e conhece Dr° Osmundo (Erik Marmo). Durante o tratamento dentário, conversam e se conhecem cada vez mais. Osmundo se encanta com a candura de Sinhazinha e não entende como pode conseguir viver ao lado de um homem tão bruto e grosseiro quanto Jesúíno. Ela, por sua vez, se apaixona perdidamente pela sensibilidade de Osmundo. Vivem, então, um romance perigoso, cheio de emoções e angústias. Os poucos momentos que estão juntos são os mais felizes desse mundo. Uma contradição com a vida diária de Dona Sinhazinha. O burburinho na cidade aumenta. Todos já desconfiam. Sinhazinha está mais bonita, mais mulher.

Eis que Jesuíno vê o flagrante e resolve dar fim a essa pouca vergonha. Faz o que deveria ser feito. E comete um crime que irá definitivamente dividir a cidade. Até então, todas as traições acabam assim. E o marido traído nem sequer é questionado. Continua livre e casa novamente se for de seu interesse. Mas dessa vez os tempos são outros e Osmundo é filho de gente importante na capital da Bahia. Sua rica família irá lutar pelo direito de ver atrás das grandes o grande assassino. 

BATACLAN, A GRANDE FESTA DA CIDADE

Enquanto trancam suas mulheres em casa, os coronéis se esbaldam no cabaré mais agitado de Ilhéus, o famoso Bataclan, regido pelas mãos de ferro - e de unhas carmim - de Maria Machadão (Ivete Sangalo). É por lá que a moda entra, que os anos 20 brilham. Muita música, , muita risada e muito prazer. As mulheres-damas, como são chamadas as trabalhadoras locais, são moças lindas, vindas de todos os lugares, até do estrangeiro. E lá impera uma lei. Uma vez que uma das moças é chamada para sentar à mesa com um coronel, passa a ser “propriedade” dele. Ninguém mexe. E há o “chamego”, a moça de um só coronel ou homem abastado. Um costume da época.

É lá que Nacib (Humberto Martins) encontra Zarolha (Leona Cavalli), uma fogosa sergipana, seu afago certo, seu chamego. Mulher de gênio forte, com vontades próprias, e fiel a seu turquinho - como se refere a Nacib. Zarolha é quem vai liderar uma revolta contra as beatas da cidade. Ao saber da procissão organizada pela igreja para que as chuvas voltem a regar os campos de cacau, a sergipana começa a bordar um manto para sua santa de devoção, Maria Madalena. E quer sair nas ruas a ostentar o trabalho tão bem feito por ela e suas colegas. O que vai criar uma imensa confusão. Zarolha enfrenta até coronel Ramiro Bastos, que vê nela uma coragem similar a dele e acaba dando a grande ideia à Maria Machadão: uma greve de sexo! A cidade paralisa e sem ver como resolver o assunto, é permitida a saída das prostitutas ao lado das moças de família. Uma vitória para o Bataclan.

Maria Machadão acha bom, gosta de ver suas meninas unidas. Mas sob seu controle. É mulher brava, mas amiga ao mesmo tempo. Defende seu bordel com unhas e dentes e não gosta de ser enganada. Dá conselho às meninas, ensina como tirar mais dinheiro dos coronéis. E tem seus segredos. Quando ouve alguma coisa que possa prejudicar Ramiro Bastos (Antonio Fagundes), Maria faz com que ele saiba. Ele não frenquenta mais o lugar, mas sua ligação com Maria Machadão é algo de longa data, porém ninguém comenta. O Bataclan é um lugar de diversão.
  
A MOÇA DA JANELA

E o coronel que não tivesse seu chamego no Bataclan, sustentava uma “teúda e manteúda” em algum lugar. Coronel Coriolano (Ary Fontoura) é conhecido por seus casos extraconjugais. Dizem que já até fez justiça com uma dessas moças que sustentava quando soube que ela tinha outro rapaz. E assim, todos têm medo de Coriolano, ninguém é capaz de olhar para moça que ele sustente. Mas o coronel é abusado, trouxe Glória (Suzana Pires) para ficar na casa de sua família bem no centro de Ilhéus. Enquanto está na fazenda, Glória fica sozinha na grande casa. Não deixa sair à rua, e só permite a ela ficar na janela. Ela pede para ver o movimento da cidade. Ele deixa. Mas não pode sair por aí, isso já é demais.

Glória, debruçada na janela, é uma afronta a moral de Ilhéus. Todos falam. E todos, quando sozinhos, arriscam um olhar para ela. Como é bonita a morena que se apoia no parapeito de sua janela. O único que troca palavras ocasionais com Glória é Josué (Anderson Di Rizzi). Ela suspira ao ver seu amor por Malvina (Vanessa Giácomo) e sofre junto com ele. Glória tenta se aproximar de Josué e acaba por trazê-lo para sua cama. Um tórrido romance se inicia e Glória usa o dinheiro do coronel para comprar sapatos, camisas e mimos para seu amante. Um novo escândalo na cidade. O jogo de tão perigoso, fica engraçado. O clima de vaudeville toma conta da história e Coriolano, por vezes, sentirá um perfume no ar, e Josué se esconderá dentro do armário. Os dois viverão assim por um bom tempo. Entre o risco e a paixão.

LINDINALVA, UMA QUASE SINHÁ

Uma moça da classe média de Ilhéus, que os pais, donos de um armarinho na cidade, se sacrificam para dar uma vida igual a das sinhazinhas para ela. Lindinalva (Giovanna Lancelotti) corresponde a todo esse amor familiar, é doce e prendada. E apaixonada por seu noivo, Berto (Rodrigo Andrade), um dos dois filhos do coronel Amâncio (Genézio de Barros). Está prometida para casar, mas o moço enrola, quer deitar com ela antes da noite de núpcias. Ela não deixa.

Uma fatalidade acontece e Lindinalva fica órfã. Descobre que o armarinho tem dívidas homéricas e resolve aceitar a auxílio de Berto, mas em troca passa a se deitar com ele. Vira assunto da cidade, e Berto não fala mais em casamento. A moça se desespera e pede abrigo à Quinquina (Angela Rebelo) e Florzinha (Bete Mendes), uma delas, sua madrinha. Mas diante da fama da menina, elas recusam a ajudá-la: todos já viram Berto sair da casa dela ao amanhecer. Sem dinheiro e não ter o que comer, Lindinalva não tem outra alternativa: se apresenta a Maria Machadão.

 O JORNAL DIÁRIO E OUTRAS COISAS MODERNAS À ÉPOCA

Um jornal diário, uma arma poderosa para denunciar e agraciar a política local. Mas para que lado o jornal vai pender? Como todo bom negócio, vai depender de seu investidor. Douglas (Jackson Costa), dono do jornal mais forte de Ilhéus, vai pedir ao coronel mais poderoso da cidade a verba necessária para que o jornal deixe de ser semanal e passe a ser diário. Ramiro Bastos (Antonio Fagundes) não acha bom investimento, sabe que o jornal, mesmo com o dinheiro dele, pode se voltar contra a política que vigora até hoje por lá, a dele. Todavia, Douglas não se dá por satisfeito e vai atrás da maior promessa do progresso local, Mundinho Falcão. O jovem vê ali a oportunidade de ter um grande aliado no seu empreendedorismo. Vira o patrocinador do jornal de Ilhéus, que veste a camisa dos progressistas, com manchetes e denúncias contra o intendente Ramiro Bastos e os coronéis conservadores. A recusa do coronel virou um tiro no pé para os conservadores.

ARTE E ARTISTAS

E é Douglas, junto com seu amigo Dr° Pelópidas (Ilya São Paulo), quem vê Mundinho aportar em Ilhéus - em  um barco pequeno já que o navio encalhou - com Anabela (Bruna Linzmeyer) e Príncipe Sandra (Emílio Orciollo Netto), um suposto casal, dois artistas que Mundinho trouxe da capital do Brasil para mexer com a pacata Ilhéus. Anabela tem como carro-chefe a dança dos setes véus, que por razões óbvias, só é acolhida no Bataclan. Já Príncipe Sandra consegue fazer seu show de mágicas no cinema da cidade. Juntos, os dois formam uma bela dupla de falsários. Mas isso Ilhéus só vai descobrir com a transformação dos tempos.

Entrevista com o autor
Walcyr Carrasco

Walcyr Carrasco é natural de Bernardino de Campos, São Paulo. Morou dos três aos 15 anos em Marília (SP) e logo depois foi para São Paulo, onde reside até hoje. Formou-se em jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Trabalhou como jornalista nas revistas Veja e Isto É e nos jornais O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e Diário Popular. Ao mesmo tempo, iniciava a carreira de escritor na revista infantil Recreio.  Aos 28 anos, publicou seu primeiro livro “Quando meu irmãozinho nasceu”. Viriam depois muitos outros. Entre suas obras voltadas ao público adulto estão a autobiografia “Em busca de um sonho”, “Pequenos delitos”, “Anjo de quatro patas’. Também autor de teatro, recebeu o prêmio Shell de melhor autor por “Êxtase”. Na televisão, é autor também de novelas como “O cravo e a rosa”, “A padroeira”, “Chocolate com Pimenta”, “Sete Pecados”, “Alma Gêmea”, entre outras. Seu último trabalho foi “Morde & Assopra”.

Você, em algum momento, disse que só emendou um trabalho no outro só por se tratar de ‘Gabriela’. Isso era um sonho?
WC: Sim, sempre foi. Jorge Amado faz parte da minha formação. Li ‘Gabriela’ quando tinha uns 12 anos e reli algumas outras vezes. Era um projeto antigo e logo que acabou “Morde & Assopra” fui para Ilhéus com o Maurinho (Mauro Mendonça Filho) para conceituar a produção.

Dentro de tantas tramas – são mais de 200 personagens - o que mais lhe chama atenção na obra de Jorge Amado, ‘Gabriela, cravo e canela’?
WC: A discussão dos costumes. Gabriela vive em um momento de passagem de um mundo convencional para um mundo mais moderno.  Jorge Amado assinala isso em duas histórias:  Sinhazinha, com um crime de honra sendo punido; e com Gabriela, uma mulher livre, independente que tem prazer, mas não se vende. Ela representa a liberdade sexual em um momento que isso passa a ser discutido no mundo inteiro. Jorge Amado é um autor ligado ao partido comunista. A visão de mundo dele fala da opressão e é um autor que colocou a liberação sexual em primeiro plano.  As histórias tiveram inspirações reais.

Acha que essa versão vai causar o rebuliço que Gabriela causou em 1975?
WC: O que é maravilhoso em novelas de época é que elas falam de estruturas morais. Hoje em dia não se discute muito a liberação feminina. Mas a questão da liberação sexual da mulher ainda é espantosa, ainda repercute. Hoje as pessoas têm outro discurso, mas no íntimo ainda continuam conservadoras. Espero que tenhamos uma boa repercussão.

Entrevista com o diretor de núcleo
Roberto Talma

Com mais de 50 anos de carreira, dos quais 43 dedicados à Rede Globo, Roberto Talma hoje é diretor de núcleo na emissora. Com mais de 26 novelas, 16 séries e 18 especiais... no currículo, atualmente um de seus projetos é ‘Gabriela’. Roberto Talma participou da primeira versão, em 1975, como diretor e, agora, volta a gravar a nova adaptação inspirada na obra de Jorge Amado como um dos cabeças do projeto. Talma, como é conhecido, é filho de uma família circense de São Paulo, e começou a carreira profissional aos nove anos com um grupo de sapateado que se apresentava no programa “A grande gincana Kibon”. No início da década de 1960, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, trabalhou durante algum tempo na antiga emissora TV Rio, passando também pela TV Excelsior e pela TV Tupi, até ser contratado pela TV Globo, em 1969. Na emissora, Roberto Talma começou como operador de videoteipe e ainda no início da década de 1970 foi transferido para o núcleo de dramaturgia. Seu primeiro trabalho com novela foi em Selva de pedra (1972), de Janete Clair, dirigida por Walter Avancini.

Como é para você voltar depois de 30 anos da primeira versão de ‘Gabriela’?
RT: A mudança foi tecnológica porque dramaturgicamente a histórica continua a mesma e linda. O melhor livro do Jorge Amado para mim. É uma obra que as pessoas aguardam muito para rever. Acho que existe uma nostalgia. Já se passaram três gerações de 10 anos cada. Estamos fazendo de outro jeito, outros recursos, qualidade de produção melhor, a tecnologia está muito adiantada. E voltar depois de 30 anos é um enorme prazer.

Qual é a cena mais marcante para você da primeira versão?
RT: A sequência mais bonita de cena que existe é a morte de Ramiro Bastos. E a gente tentou passar o desespero das pessoas, ele era amado como Getúlio Vargas foi.

Para você, quem é Gabriela?
RT: A Gabriela tem um lado sapeca, uma magia sedutora. A personagem é muito livre e isso permite que ela se relacione com todas as pessoas, e é isso que eu acho lindo. Até na relação amorosa. Não é o fato de casar, mas sim de ser feliz que é mais importante. A gente usava muito esse lado lúdico dela e vai usar novamente. Ela brinca de pular carniça, correr atrás de bichos. Isso faz com que o personagem se aproxime muito do telespectador. E uma das coisas mais lindas que existe na obra é o posicionamento que Jorge (Amado) criou para ao amor de Nacib e Gabriela. O amor fala mais alto do que qualquer traição. Ele perdoa a mulher amada. O posicionamento foi que amar é perdoar e não matar, como era comum na época.
Entrevista com diretor-geral
Mauro Mendonça Filho

Mauro Mendonça Filho tem formação em comunicação, cinema, artes dramáticas e direção de teatro, o que lhe rendeu a versatilidade de atuar como diretor de teatro, cinema e televisão. Ingressou na TV Globo em 1984, como editor na novela ‘Partido Alto’, de Aguinaldo Silva e Glória Perez. Em 1988, começou como assistente de direção da novela “Vale Tudo”, de Gilberto Braga. Dois anos depois, já assinava como diretor a minissérie ‘A.E.I.O. Urca’, de Doc Comparato e Carlos Manga. Em 1995, assinou a primeira direção geral, no especial ‘A Comédia da Vida Privada’. Desde o começo de sua carreira na televisão, participou da concepção de trabalhos como ‘O Dono do Mundo’, ‘Renascer’, ‘Memorial de Maria Moura’, ‘Toma Lá Dá Cá’, ‘Negócios da China’ e ‘S.O.S Emergência’. Seu último trabalho na TV Globo foi ‘O Astro’.

Como foi escolhida Juliana Paes para viver Gabriela?
MMF: Sugeri o nome de Juliana e Talma concordou de imediato. Não tiveram dúvidas e Gabriela foi Juliana desde sempre. Ela tem cara de brasileira, é naturalmente sensual, é espontânea. Já que Gabriela virou adjetivo, posso dizer que Juliana é meio Gabriela. Ela é uma guerreira sertaneja. Uma mulher que atravessou o sertão e conseguiu manter a alegria na vida. É divertida, sensual e sem preconceitos. E Gabriela, por ser a mais primitiva sexualmente, é a mais livre da história. O grande lance é que por mais que seja uma obra de 1925 a gente ainda olha para ela e se espelha.

‘Gabriela’ se passa nos anos 20. Como você vai tratar os assuntos da época para conseguir aproximar os jovens de hoje para a trama? 
MMF: Espero aproximar o público fazendo-o entrar na história. Quero que quando parem para ver ‘Gabriela’, pensem como se pensava na época. Porém, a obra continua atual, principalmente nas questões políticas e sociais. A emancipação feminina, por exemplo, ainda caminha lentamente. E Gabriela é um exemplo de mulher livre. Exemplo esse que serve para todos os jovens de hoje em dia também. Temos muito o que aprender com ela.

Quais foram suas referências para ilustrar esse cenário de ‘Gabriela’?
MMF: A referência foi o próprio Jorge Amado. Li outros quatro livros dele: “Seara Vermelha”, “Terras do sem fim”, “Cacau” e “São Jorge dos Ilhéus”. Além disso, cresci vendo filmes de Glauber Rocha, Ruy Guerra. Vi “Vidas Secas”, de Nelson Pereira dos Santos. As minisséries “Morte e vida Severina”, “Lampião e Maria Bonita”.  O sertão nordestino está ali o tempo inteiro como um universo mítico brasileiro. O deserto e a seca tem muita referência no cinema nacional e eu tentei captar de novo esse universo para a TV. O Jorge Amado serviu o audiovisual brasileiro com suas obras. E a gente vai tentando achar na “baianice” dele, e na sua infância de filho de fazendeiro, um nordeste autêntico.

Como foi o processo de escalação dos atores? Quem são os novos rostos e as grandes apostas?
MMF: Foi tudo escalado em sintonia por mim, (Roberto) Talma e Walcyr (Carrasco). A escalação foi baseada na autenticidade e talento.

PERFIL DOS PERSONAGENS

GABRIELA (Juliana Paes) - Nasceu no sertão nordestino. Gabriela é um espírito livre. Representa a mudança dos tempos, a evolução político-social do mundo. Ao chegar a Ilhéus é contratada por Nacib (Humberto Martins), dono do bar Vesúvio, com quem viverá um romance. É uma exímia cozinheira. Será a mulher mais desejada da cidade.

NACIB ACHCAR SAAD (Humberto Martins) - Veio da Síria aos quatro anos de idade. É proprietário do bar Vesúvio. Solteiro, é frequentador do cabaré Bataclan, onde tem um chamego com Zarolha (Leona Cavalli). É o chamado “boa praça”, amigo de todos os coronéis e também do opositor Mundinho Falcão (Mateus Solano). Contrata Gabriela (Juliana Paes) e se apaixona por ela. Decide se casar com a cozinheira, porém, Gabriela não se adapta a vida de mulher casada. Vai viver um dilema no amor.

CORONEL RAMIRO BASTOS (Antonio Fagundes) - Intendente de Ilhéus, maior força política da região. Fazendeiro de cacau da época do desbravamento, quando as terras eram conquistadas a tiros. É o líder conservador. Seu poder é contestado quando o jovem Mundinho Falcão (Mateus Solano) vem para a cidade.

MUNDINHO FALCÃO ou RAIMUNDO MENDES FALCÃO (Mateus Solano) -De família de políticos paulista, mudou-se para Ilhéus para criar seu próprio projeto de vida e também para esquecer um amor. É exportador de cacau. Jovem, solteiro, cheio de ideias novas, decidido e prático. Passou a enfrentar a oligarquia dos coronéis, liderada por Ramiro Bastos (Antonio Fagundes). Mas apaixona-se justamente por Jerusa (Luiza Valdetaro), a linda neta do coronel Ramiro Bastos.

TONICO BASTOS (Marcelo Serrado) - Filho do coronel Ramiro Bastos (Antonio Fagundes), dono do cartório da cidade, é casado com Olga Bastos (Fabiana Karla), e pai de quatro crianças. Sabe levar muito bem a mulher ciumenta, que acredita que são as outras que correm atrás de seu marido tão fiel. Mas é Tonico que vive no Bataclan. Sempre sorridente, sempre amigo, mas sem escrúpulos, é um simpático antagonista. Amigo e confidente de Nacib (Humberto Martins) é ele quem consegue se enfiar na cama de Gabriela (Juliana Paes). Tonico é "um canalha simpático, um irresistível mau caráter".

JERUSA BASTOS (Luiza Valdetaro) - Filha de Alfredo Bastos (Bertrand Duarte) e neta preferida de Ramiro (Antonio Fagundes). É bonita e delicada. Ramiro Bastos deseja que ela se case com Juvenal (Marco Pigossi), filho do coronel Amâncio (Genézio de Barros), seu compadre. Mas ela se apaixona por Mundinho Falcão (Mateus Solano), o maior inimigo político de Ramiro Bastos.

FAMÍLIA DE RAMIRO BASTOS

ALFREDO BASTOS (Bertrand Duarte) - Filho de Ramiro (Antonio Fagundes). O médico é deputado estadual praticamente por imposição do pai. Não tem o menor talento para a política. Pai de Jerusa (Luiza Valdetaro). Casado com Conceição (Vera Zimmermann), esta sim, uma mulher forte e altiva.

CONCEIÇÃO BASTOS (Vera Zimmermann) - Mulher de Alfredo (Bertrand Duarte), mãe de Jerusa (Luiza Valdetaro). Uma mulher ainda sofisticada, vinda de Salvador, que acha Ilhéus uma província. É altiva, despreza Gabriela (Juliana Paes). Respeita o sogro, Ramiro (Antonio Fagundes), a quem admira mais que o marido. Faz de tudo para impedir seu romance com Mundinho (Mateus Solano).

OLGA BASTOS (Fabiana Karla) - Mulher de Tonico (Marcelo Serrado). Filha de fazendeiros riquíssimos. É ciumentíssima, acha que são as mulheres que correm atrás do seu marido, e não o contrário. Vive às turras com a cunhada, Conceição (Vera Zimmermann), que acha "metida" demais. Tem quatro filhos, verdadeiros pestinhas.

RAMIRINHO (Filipe Gimenez), BENTO (Gustavo Mello), MARIA LUPICÍNIA (Anna Gabriela), LADISLAU (Kaic Chagas)  - Filhos de Tonico (Marcelo Serrado) e Olga (Fabiana Karla). Maria Lupicínia (Anna Gabriela) vive denunciando o pai.

PRAZERES (Telma Souza) - Empregada da família há muitos anos, confidente de Jerusa (Luiza Valdetaro).

FAMÍLIA DO CORONEL AMÂNCIO

AMANCIO LEAL (Genézio de Barros) - Fazendeiro de cacau, viúvo, mora com a mãe Dorotéia (Laura Cardoso) e os dois filhos, Juvenal (Marco Pigossi) e Berto (Rodrigo Andrade), em Ilhéus. É o principal aliado de Ramiro Bastos (Antonio Fagundes) e também um dos principais opositores de Mundinho Falcão (Mateus Solano). Pretende casar seu filho Juvenal (Marco Pigossi) com Jerusa (Luiza Valdetaro). E apoia seu filho Berto (Rodrigo Andrade) quando resolve deixar Lindinalva (Giovanna Lancelotti).

DOROTÉIA (Laura Cardoso) - Mãe de coronel Amâncio (Genézio de Barros), se considera o pilar moral de Ilhéus. Tudo passa sob seu julgamento. Dominadora. Quer saber de tudo, quer "aconselhar" todo mundo. Acaba sendo o terror da cidade. Seu maior sonho é que seu outro neto, Juvenal (Marco Pigossi), case-se com Jerusa (Luiza Valdetaro).

BERTO (Rodrigo Andrade) - Filho do Coronel Amâncio (Genézio de Barros). Neto de Dorotéia (Laura Cardoso). Rico. Machão. Enquanto os pais de Lindinalva (Giovanna Lancelotti) são vivos, ele a respeita. É seu noivo e pretende casar. Quando eles morrem e Lindinalva fica em dificuldades, porém, é o primeiro a se aproveitar da situação.

JUVENAL (Marco Pigossi) - Chega à cidade vindo de Salvador, onde estudou. Tem ideias progressistas. Enfrenta o pai. Quer se casar com Jerusa (Luiza Valdetaro), mas apaixona-se por Ina (Raquel Villar), uma jovem e sensual que trabalha no Bataclan.

FAMILIA CORONEL MELK TAVARES

CORONEL MELK TAVARES (Chico Diaz) - Rico fazendeiro de cacau, mora em Ilhéus com a esposa Marialva (Bel Kutner) e a filha Malvina (Vanessa Giácomo). Conservador, apoia Ramiro Bastos (Antônio Fagundes). É um pai rígido, duro, de personalidade forte. Proíbe a filha Malvina até de continuar os estudos na Universidade. Malvina enfrenta o pai em todos os momentos. Melk contrata o Negro Fagundes (Jhe Oliveira) e Clemente (Daniel Ribeiro) para trabalhar em sua fazenda.

MARIALVA TAVARES (Bel Kutner) - Mulher de Melk (Chico Diaz), é assustada e submissa. O que o marido diz para ela é lei. Passa o tempo todo tentando impedir os enfrentamentos entre Malvina (Vanessa Giácomo), a filha, e o pai, Melk.

MALVINA TAVARES (Vanessa Giácomo) - Filha única de Melk (Chico Diaz). Jovem, bela, inteligente, intrépida e de espírito independente. Rebelde, não aceita viver de acordo com as convenções da sociedade de Ilhéus. Enfrenta o pai. Apaixona-se por Rômulo (Henri Castelli), engenheiro que vem de Salvador. Sabe que Rômulo é casado, mas mesmo assim namora com ele. Ela simboliza a libertação feminina que dá seus primeiros passos na década de 20.

BATACLAN

MARIA MACHADÃO (Ivete Sangalo) - É a dona do Bataclan. Extrovertida, alegre, mas autoritária com as "meninas" quando necessário. Foi mulher-dama no passado. É amiga de todos os coronéis, "mãe" de todas as "meninas". Conhece os chamegos, amores, paixões, segredos dos coronéis e seus filhos. Pode ser extremamente doce e maternal. Mas também autoritária, até cruel. Estabelece com as garotas do Bataclan uma relação de amizade e exploração. Todas lhe pagam também 50% do que recebem de cada cliente, no ato. Sabe aconselhar as garotas a se darem bem com um chamego, e arrancar dinheiro do homem cativado. É respeitadíssima pelas garotas e pelos coronéis e clientes.

ZAROLHA ou RISOLETA (Leona Cavalli) - É uma sergipana, chamego de Nacib (Humberto Martins) no Bataclan. Amicíssima de Maria Machadão (Ivete Sangalo). Seu sonho é casar com um coronel e se tornar senhora.

NATASCHA (Nathália Rodrigues) - A loira fala com sotaque e conta que é da família imperial russa. Diz que é uma princesa. E por isso é cheia de exigências, cobra caro, tudo porque os coronéis sentem-se "honrados" em compartilhar o leito da "princesa".

TEODORA (Emanuelle Araújo) - Morava em uma fazenda de cacau e fugiu de casa depois que o padrasto tentou seduzi-la. Virou mulher-dama a convite de Maria Machadão (Ivete Sangalo).

MARA (Suyane Moreira) - Uma amazonense bonita e desbocada.

INA (Raquel Villar) - A mais jovem de todas as mulheres-damas, bem delicada. E sempre assustada. Gosta de brincar de boneca embora, é claro, não tenha idade pra isso.

MISS PIRANGI (Gero Camilo) - o "invertido" da cidade, nas palavras de Jorge Amado. Faz tudo que Maria Machadão (Ivete Sangalo) quer. Limpa o bordel, serve as mesas, faz pequenos trabalhos de costura. É generoso. Mas é marginalizado pela sociedade ilheense.

IRMÃS DOS REIS
(As solteironas da cidade)

QUINQUINA (Angela Rebello) - É a maior fofoqueira da cidade. Tudo vê, tudo comenta. Observa cada saia, cada decote. Nunca se casou. Ela e a irmã, Florizinha (Bete Mendes), herdaram casas de aluguel. E fazem doces para vender para fora. Sua maior atividade, porém, é criar, junto com a irmã, um presépio, recortando personagens de revistas. O presépio é o grande acontecimento da cidade na época natalina. Rígida, se recusará a receber a afilhada Lindinalva (Giovanna Lancelotti) em casa quando o noivo Berto (Rodrigo Andrade) largá-la.

FLORZINHA (Bete Mendes) - Irmã de Quinquina (Angela Rebello). Também é fofoqueira, porém, mais doce que a irmã. Mais emocional. E sempre acaba fazendo o que a irmã manda. Pede revistas a todos que encontra, para montar o presépio.

A HISTÓRIA DE SINHAZINHA

SINHAZINHA MENDONÇA (Maitê Proença) - Mulher do coronel Jesuíno (José Wilker), sofre nas mãos do marido. Vive na igreja, é amiga de todas as senhoras da sociedade. É devota de São Sebastião. Um dia vai fazer um tratamento dentário com o jovem e sedutor doutor Osmundo (Erik Marmo). Apaixona-se por ele.

OSMUNDO PIMENTEL (Erik Marmo) - Jovem dentista, vindo de Salvador, filho de um rico comerciante, se instalou em Ilhéus com um consultório bem montado na avenida da praia. Apaixona-se por Sinhazinha (Maitê Proença).

CORONEL JESUÍNO MENDONÇA (José Wilker) - É um homem bruto, inclusive no trato com a esposa. Rígido. Descobre a traição da esposa com o dentista e decide “fazer justiça”. Ele será o primeiro a ser questionado pela sociedade em transformação.

NÉIA (Yaçanã Martins) - Empregada da casa que descobre a traição de Sinhazinha (Maitê Poença) com Osmundo (Erik Marmo).

A MOÇA DA JANELA

GLÓRIA (Suzana Pires) - Teúda e manteúda pelo Coronel Coriolano Ribeiro (Ary Fontoura), Glória é uma bela mulher. Vive na casa que foi da família do coronel, próxima às famílias da sociedade, para escândalo das mulheres locais e divertimento do pessoal do Vesúvio, que a vê, todas as tardes, na janela. Tem uma vida confortável com o dinheiro do coronel e gosta dela. Mas seduz o professor Josué (Anderson di Rizzi), poeta e pobre. E começa a lhe comprar presentes. Muitas vezes o coronel Coriolano chega de surpresa, mas ela sempre esconde Josué.

JOSUÉ (Anderson di Rizzi) - É subdiretor e professor do ginásio. Vive no bar Vesúvio. Sem dinheiro, vive pendurando a conta com Nacib (Humberto Martins). É apaixonado por Malvina (Vanessa Giácomo), a quem dedica versos de amor. Para olhar Malvina, fica sempre perto da janela de Glória (Suzana Pires), e acaba tendo um caso com ela.

CORONEL CORIOLANO (Ary Fontoura) - Sempre mantém uma moça bonita para ficar com ele quando vem da fazenda. Antes de Glória (Suzana Pires), teve muitas outras. Desconfiado e ciumento, não aceita traição de jeito nenhum. Vive tentando descobrir se Glória o trai. Mas ela sempre disfarça (ou esconde o professor Josué no próprio quarto).

A HISTÓRIA DE LINDINALVA

LINDINALVA (Giovanna Lancelotti) - Jovem bonita, da incipiente classe média da cidade. Seu pai é dono de um armarinho. É noiva de Berto (Rodrigo Andrade), filho do coronel Amâncio (Genézio de Barros). O casamento está para ser marcado. Mas seus pais morrem num acidente. Lindinalva descobre que o armarinho está endividado. E o aluguel não foi pago há meses. Sem dinheiro, aceita a ajuda do noivo. Passa a depender dele. E Berto exige dormir com ela. Lindinalva aceita. Logo Berto é visto saindo da casa de manhã. Ela passa a ser hostilizada por todas as mulheres que eram amigas de sua mãe. É proibida de ver as amigas. Lindinalva é obrigada a bater na porta do Bataclan.

DONA RITA (Izabella Bicalho) - Mãe de Lindinalva (Giovanna Lancelotti). Dona de casa, simples, feliz com o noivado da filha. Não sabe a real situação financeira da família.

ALCEU (Carlos Betão) - Pai de Lindinalva (Giovanna Lancelotti), dono de um armarinho. O pequeno comerciante está endividado. Apesar das preocupações, está certo de que vai se safar. Só precisa de um tempo para isso. Está feliz com o noivado da filha, principalmente por ser com o filho de um coronel. Mas junto com a mulher, morre em um acidente.

ZULMIRA (Rejane Maya) - A empregada que criou Lindinalva (Giovanna Lancelotti).

OUTROS CORONÉIS

MANOEL DAS ONÇAS (Mauro Mendonça) - Velho fazendeiro do cacau. Vive no bar de Nacib (Humberto Martins) e é doido por Gabriela (Juliana Paes). Daria casa montada e até uma roça de cacau para Gabriela se tornar sua amante. Casado, deixa sua família na roça. E vem a Ilhéus para negócios, onde se diverte.

ALTINO BRANDÃO (Nelson Xavier) - Sergipano, um dos pioneiros na cultura do cacau, e também um dos maiores fazendeiros. Mora em sua fazenda em Rio do Braço. Mas é um homem de ideias abertas, ao contrário dos outros coronéis. Tenta unir Ramiro Bastos (Antonio Fagundes) a Mundinho Falcão (Mateus Solano). É o primeiro a se passar para o lado de Mundinho Falcão.

RIBEIRINHO (Harildo Deda) - Um grande frequentador do Vesúvio e do Bataclan. Alinha-se com Ramiro Bastos (Antonio Fagundes), mas seu grande interesse são as mulheres. Será chantageado por Príncipe Sandra (Emílio Orciollo Netto) e Anabela (Bruna Linzmeyer).

FREQUENTADORES DO VESÚVIO

JOÃO FULGÊNCIO (Pascoal da Conceição) - É o dono da Papelaria Modelo, centro da vida intelectual de Ilhéus. Casado, tem dois filhos. Ri dos costumes locais, é um homem de mente aberta. E com grande perspicácia. É ele que vende livros como "O Crime do Padre Amaro" à Malvina (Vanessa Giácomo).

DOUTOR MAURÍCIO (Claudio Mendes) - Advogado conservador, que obedece a todos os pedidos de Ramiro Bastos (Antonio Fagundes). Também se interessa por Gabriela (Juliana Paes), e lhe oferece casa montada.

DOUGLAS (Jackson Costa) - Dono do jornal da oposição, amigo próximo de Mundinho Falcão (Mateus Solano). Homem de ideias progressistas, radical.

NHÔ GALO (Edmilson Barros) - Funcionário público, boêmio inveterado, é um tipo divertido e ao mesmo tempo, sábio. Anticlerical. Tem aventuras com as mulheres do Bataclan. É irônico, divertido.

DOUTOR PELÓPIDAS ÁVILA (Ilya São Paulo) - É conhecido apenas pelo apelido de Doutor. É um tipo romântico. Médico, é quem trata das moças do Bataclan.

DOUTOR EZEQUIEL (José Rubens Chachá) - O mais moralista de todos. É solteiro e vive na igreja.

AS GAROTAS

IRACEMA (Amanda Richter) - É a mais ousada das moças de Ilhéus. Dança apertadinha com o par. Namora aos beijos no portão. Amiga de Jerusa (Luiz Valdetaro) e Malvina (Vanessa Giácomo). Interessa-se por Mundinho Falcão (Mateus Solano). Mas gosta mesmo de Juvenal (Marco Pigossi), filho do Coronel Amâncio (Genézio de Barros) e, embora saiba que o moço está prometido a Jerusa, fará tudo para ficar com ele.

ZULEIKA (Fernanda Pontes) - Também amiga de Jerusa (Luiza Valdetaro), Malvina (Vanessa Giácomo) e Iracema (Amanda Richter), é a mais inocente de todas. Romântica, à espera de um príncipe encantado.

OS VIGARISTAS

PRÍNCIPE SANDRA (Emílio Orciollo Netto) - mágico de quinta categoria, que vem a Ilhéus trazido por Mundinho Falcão (Mateus Solano), acompanhado de sua "esposa" e assistente, Anabela (Bruna Linzmeyer). Praticam o golpe do suadouro, que é bem típico da época. O coronel "seduz" a mulher. Anabela o recebe no quarto. Quando estão juntos, o "marido" entra de revólver na mão. Ameaça lavar a honra a sangue. O coronel tenta dissuadi-lo de atirar, ela chora, enfim, é um drama, onde o coronel se apavora. Finalmente, "marido" e "mulher" aceitam um bom dinheiro para irem "refazer" a vida em outro local. Quando o coronel sai, caem na gargalhada e avaliam quanto ganharam no golpe.

ANABELA (Bruna Linzmeyer) - Dançarina e assistente de Príncipe Sandra (Emílio Orciollo Netto), seu marido mágico. Chegou a Ilhéus trazida por Mundinho Falcão (Mateus Solano), com quem tem uma intimidade muito grande. Suas principais danças são a dos Sete Veús e a dos Leques. Dança, é claro, no Bataclan. Mas Anabela é especialista no golpe do suadouro.

OUTROS PERSONAGENS

PADRE CECÍLIO (Frank Menezes) - Alegre e bonachão, está nas mãos das beatas da cidade. E vive sendo pressionado por Maria Machadão (Ivete Sangalo) e as moças do Bataclan. Fecha os olhos para as violências dos coronéis.

RÔMULO VIEIRA (Henri Castelli) - Engenheiro do ministério da Viação enviado do Rio de Janeiro para as obras do porto de Ilhéus. Ao contrário de todo o povo de Ilhéus, gosta de nadar no mar. Atlético, bonito. É casado com uma mulher internada num hospício mas, de acordo com a lei, não pode se separar legalmente. E mesmo que se separasse, não poderia casar, pois na época isso não era admitido para quem rompesse o casamento. Namora com Malvina (Vanessa Giácomo), a filha do Coronel Melk Tavares (Chico Diaz).

DONA ARMINDA (Neusa Maria Faro) - Vizinha de Gabriela (Juliana Paes), torna-se sua melhor amiga. Fofoqueira, divertida. Vive dando conselhos a Gabriela - os piores - para arrancar presentes de Nacib (Humberto Martins), aproveitar enquanto é jovem. É mãe de Chico Moleza (Renan Ribeiro), que trabalha no bar Vesúvio. É espírita e também a parteira da cidade. Vive reclamando, pois acha um escândalo os médicos fazerem partos de bebês.

CHICO MOLEZA (Renan Ribeiro) - Filho de dona Arminda (Neusa Maria Faro), trabalha no Vesúvio. Serve as mesas. Está naquela idade de se interessar por mulheres.

TUÍSCA (Max Lima) - Garoto que vende os doces das irmãs dos Reis. Torna-se o melhor amigo de Gabriela (Juliana Paes), com quem brinca de currupio e de soltar pipa. É um moleque brincalhão, divertido.

MIQUELINA (Clara Paixão) - Do povo, amiga de Gabriela (Juliana Paes). É quem ensaia para o reizado junto com Gabriela.

NEGRO FAGUNDES (Jhe Oliveira) - Atravessou a caatinga com Gabriela (Juliana Paes), de quem é amigo. Foi para a fazenda do Coronel Melk Tavares (Chico Diaz). E tornou-se seu jagunço. Também é amigo de Clemente (Daniel Ribeiro), o eterno apaixonado por Gabriela.

CLEMENTE (Daniel Ribeiro) - Apaixonado por Gabriela (Juliana Paes), com quem vive um romance na travessia da caatinga. Quer casar-se com ela, mas Gabriela não aceita. Vai trabalhar na fazenda do coronel Melk Tavares (Chico Diaz) e vive indo a Ilhéus para rondar Gabriela.

FABIANA (Heloisa Jorge) - Moça da fazenda do coronel Melk Tavares (Chico Diaz), apaixonada por Clemente (Daniel Ribeiro).

LOIRINHO (Widoto Áquila) - Capanga de Melk Tavares (Chico Diaz). Faz tudo que ele manda.  

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